Criminalidade

Violência assusta no Jaraguá 

Moradores e comerciantes são vítimas constantes de agressões seguidas de roubos

Por nathália lacerda / Bruna Carmona
Publicado em 13 de agosto de 2015 | 03:00
 
 
 
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Os altos índices de violência no Jaraguá, na região da Pampulha, estão assustando os moradores e comerciantes do bairro. Em um único quarteirão, cinco pessoas foram vítimas de algum tipo de violência contra o patrimônio, segundo os entrevistados pela equipe de reportagem de O TEMPO. Apesar de reconhecer que houve um “pequeno aumento” da criminalidade no bairro, a Polícia Militar não divulgou o índice de furtos e roubos na vizinhança e também não prevê nenhum aumento do efetivo militar na região.

No início de agosto, o cabeleireiro Edmundo da Silva Júnior, 22, foi agredido durante uma tentativa de assalto na rua Francisco Vaz de Melo. O crime aconteceu quando a vítima voltava do trabalho a pé e foi abordada por dois suspeitos que desceram de um carro preto por volta das 20h. Dizendo estar armado, um dos suspeitos anunciou o assalto. “Ele puxou primeiro minha mochila e depois tentou pegar o celular”, disse a vítima. Na tentativa de impedir o assalto, Edmundo correu, mas tropeçou e caiu. As agressões começaram em seguida, quando estava caído no chão. Ele foi atingido por chutes e socos desferidos pelos assaltantes. “Tentei proteger o rosto e, mesmo um pouco tonto, gritei por socorro”, disse.

Ao perceberem que a situação estava chamando a atenção dos vizinhos, os suspeitos fugiram sem levar nada. O rapaz recebeu atendimento no Hospital Risoleta Neves, na região Norte da capital, e levou quatro pontos na testa, três na orelha, além de estar com um dente mole e o braço esquerdo todo ralado.

A poucos metros do local, outro caso de agressão contra uma vítima de assaltado foi presenciado há cerca de dois meses pela aposentada Ismênia Carvalho, 74, vizinha de Edmundo, quando voltava da padaria às sete da manhã. Segundo ela, uma jovem de 18 anos levou um soco no nariz de um rapaz ao se recusar entregar a bolsa. “Com toda essa violência, aumentei meu muro e vou colocar cerca elétrica”, disse a moradora.

Esse foi o tipo de providência adotado pelo empresário francês Karim Michel, 46, que vive a cerca de 100 m do imóvel da aposentada. Ele instalou câmeras de vigilância, alarmes, travas e sensores de movimento em toda sua casa, após o filho de 22 anos ser mantido preso em um cômodo enquanto os bandidos roubavam os pertences da família, no início do ano. O jovem só foi encontrado por Michel – que estava em uma viagem na França – dois dias após a ação dos criminosos.

“A polícia daqui é ruim demais. Pagamos impostos, mas nada é feito”, desabafou o empresário, que vive com a esposa no Brasil há oito anos. Assustado, o filho dele retornou para França.

No dia 15 de junho, a gerente de uma loja de cosméticos localizada na avenida Isabel Bueno foi rendida por um assaltante, que levou R$ 600 do caixa. Assustadas com a escalada da violência, as funcionárias da loja passaram a acionar a segurança privada com mais frequência. “O bairro está mais violento. Antigamente não tinha tanto assalto”, avaliou a vendedora Maura Cristina Xavier, 42.

Sem dados

Registros. Crimes contra o patrimônio são as principais ocorrências registradas no Jaraguá, segundo a PM. Porém, a corporação não informou o número de ocorrências desse tipo de criminalidade.

Vizinhança quer rondas e base da PM

A solução para a crescente criminalidade do bairro passa pelo aumento de rondas e pela instalação de uma base da PM. Essa é a opinião de moradores e comerciantes, que lamentam a sensação de insegurança. “Era mais seguro quando um carro da PM ficava estacionado na avenida Isabel Bueno, mas ele parou de vir”, diz a gerente de uma loja de cosméticos que foi assaltada. “O ideal era ter uma base da polícia ou mais rondas, já que temos três bancos na avenida”, conta. Para ela, o perigo é tão grande que o comércio tem fechado as portas mais cedo para evitar possíveis ações dos criminosos. “À noite, as ruas do bairro são muito desertas”.

Região não está entre ‘zonas quentes’

Relatório. Em julho, a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) divulgou um relatório com as informações sobre as nove regiões com maior número de roubos de Belo Horizonte.

Lista. Pela ordem, os nove pontos com maior incidência de roubos de BH são: Hipercentro, avenida Nossa Senhora do Carmo, Coração Eucarístico, Nova Suissa, Cidade Nova, entorno do Minas Shopping, Tupi/Floramar, entorno do Viashopping e entorno do shopping Estação.

Segurança. Ainda segundo o relatório da Seds, o Jaraguá teve baixa densidade de roubos, de cerca de 0,9 por metro quadrado no período entre janeiro e maio.

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