Todos os anos, o casal formado pelo motorista Ângelo Gabriel Lemos da Silva, 57, e pela professora Zuma Aparecida Pires, 38, tirava férias em janeiro. Mas, em 2019, o plano não foi possível de ser cumprido porque Gabriel precisou trabalhar durante o primeiro mês do ano. Por isso, no dia 25 do último mês, ele estava nas proximidades da barragem da mina I do Córrego do Feijão, onde estava a postos para transportar funcionários da Vale.
Mas o rompimento da barragem destruiu os sonhos do casal, que sairia de férias na semana seguinte à tragédia. Ângelo Gabriel Lemos da Silva é umas das 157 vítimas fatais do desastre ocorrido em Brumadinho e trabalhava como motorista de uma terceirizada da Vale. Na hora do momento do acidente, ele descansava porque chegava no local às 4h, segundo Zuma. O corpo dele foi encontrado dentro de um ônibus.
“Nós sempre programamos essas férias para janeiro, mas como a empresa pediu para que ele ficasse, nós respeitamos. Ele também já estava para aposentar, tinha até recebido a carta do INSS. Sairia de férias e não deveria voltar a trabalhar mais”, conta Zuma.
Além de Zuma, com quem viveu por mais de três décadas, ele deixa um filho, de 23 anos, uma filha, de 21, e um neto, de apenas um ano de idade. De acordo com ela, Gabriel era um funcionário extremamente dedicado.
“Ele trabalhou por nove anos na empresa e nunca pediu um atestado nem chegou atrasado. O trabalho dele era a extensão da nossa casa”, disse, destacando que o marido sempre ia bem vestido ao trabalho. “Ele gostava muito de ir bem arrumado”, relembra.