A saúde foi um dos pontos centrais no Conexão Empresarial Anual 2025, no Vila Galé Collection, em Ouro Preto. Em clima de troca de ideias e convivência entre empresários, especialistas e autoridades, o setor ganhou voz não apenas pela importância social, mas também pelo peso crescente na cadeia produtiva brasileira.

Além das questões industriais, a a saúde foi discutida em sua dimensão preventiva e comportamental no painel “Saúde – Bem que Vale a Pena Conservar”, conduzido pelo cardiologista Marcos Andrade Jr. Especialistas de diferentes áreas reforçaram que a verdadeira prevenção não se faz apenas com medicamentos, mas com mudanças consistentes no estilo de vida. “O remédio não deve ser o ponto de partida. Alimentação equilibrada, exercícios físicos e saúde mental são os pilares”, defendeu Andrade Jr., alertando para o uso indiscriminado de medicamentos como a semaglutida e tirzepatida, indicados para controle de diabetes e emagrecimento, mas que vêm sendo utilizados sem supervisão médica.

Luís Carlos da Silveira, referência em medicina preventiva e fundador do spa médico Kurotel, reforçou que apenas 17% dos fatores de risco para doenças crônicas são determinados geneticamente. “O segredo para a longevidade com qualidade está na mudança de hábitos”, afirmou, destacando ainda o papel da inteligência artificial no auxílio aos diagnósticos médicos, mas sem substituir o olhar humano: “O julgamento final é sempre do profissional; o algoritmo nunca substituirá a prescrição personalizada”, afirmou.

A médica Carla Tavares, coordenadora de Medicina do Esporte da Rede Mater Dei, complementou o debate ao afirmar que o check-up só faz sentido quando provoca mudanças reais na rotina do paciente. Já Débora Fernandes, coordenadora do núcleo de Fisioterapia Cardiovascular da Clínica Marcos Andrade, sintetizou: “Movimentar-se é o elixir da longa vida.” A recomendação padrão, segundo ela, é de 150 a 300 minutos semanais de atividade física moderada.


Produção de insulina, novos mercados e biotecnologia
A economia da saúde e suas conexões com a indústria e o desenvolvimento nacional também foram debatidas. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou, durante sua participação, o impacto da produção nacional de insulina em Minas Gerais, com o primeiro lote liberado pela Biomm, empresa instalada no Estado, que será incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS).

“Nenhum país do mundo com mais de 100 milhões de habitantes possui um sistema público universal como o do Brasil. E esse investimento em biotecnologia é um avanço que puxa toda a cadeia produtiva de medicamentos”, afirmou Padilha, lembrando que o país ficou anos sem produzir insulina, até agora dependente de importações.

A retomada da fabricação local, segundo o ministro, integra a estratégia de diversificação de mercados e fortalecimento da indústria nacional, um movimento que também se reflete no agronegócio. Foram 312 novos mercados abertos para produtos brasileiros, com destaque para o aumento expressivo das exportações de café para a China, que cresceram dez vezes em um ano e meio, segundo dados do Ministério da Agricultura. 

Educação em saúde como estratégia
A formação de profissionais capacitados para atender às demandas do setor de saúde foi outro tema em destaque no encontro. O Hospital Felício Rocho se prepara para inaugurar, ainda em 2025, sua faculdade própria, com início das atividades previsto para o segundo semestre.

A instituição já obteve aprovação do Ministério da Educação (MEC) e começará com o curso de Tecnólogo em Radiologia. Em seguida, serão abertas turmas para os cursos de Enfermagem, Psicologia, Fisioterapia e Biomedicina.

De acordo com o médico Wagner Furtado Veloso, que integra a direção do hospital e participou dos debates no Conexão Empresarial, a estrutura contará com 11 mil m², localizada em frente à praça da Estação, no centro de Belo Horizonte. Segundo Veloso, o projeto visa fortalecer ainda mais o papel do Felício Rocho como referência não apenas em assistência, mas também na formação de profissionais que liderarão os avanços tecnológicos e científicos na saúde no Brasil. 

(Com informações do Blog do PCO – Paulo César Oliveira)