Neste mês, acontece em todo o país, a campanha Setembro Verde, que tem como principal objetivo conscientizar a população quanto o câncer de cólon, também conhecido como colorretal – um tipo de tumor que atinge o intestino grosso. A doença, que causou, recentemente, a morte do ator Chadwick Boseman, de 42 anos, estrela do filme “Pantera Negra”, afeta também o reto e ânus. Após quatro anos de tratamento, Bosenam não resistiu e morreu no dia 28 de agosto.
Como a majestade da fictícia Wakanda, Chadwick Boseman levou às telas o importante personagem de quadrinhos para o movimento negro, lotou salas no mundo todo e criou um marco de representatividade nos cinemas. O ator foi diagnosticado em 2016, com a doença já no terceiro estágio. Durante os quatro anos de tratamento, Boseman gravou pelo menos 10 filmes e estava confiante que venceria a doença.
A maioria dos casos de câncer de cólon tem origem em lesões conhecidas como pólipos, que crescem lentamente na parede interna do órgão. Esses pólipos podem evoluir para nódulos e, em sequência, se tornarem tumores.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), são estimados que, de 2020 a 2022, surjam aproximadamente 40.990 novos casos de câncer colorretal no país. Já casos de câncer no intestino delgado são mais raros.
A faixa etária mais atingida pela doença é entre os 55 a 70 anos, tendo incidência semelhante entre homens e mulheres. Entretanto, pessoas mais jovens, como Boseman, também podem adoecer.
De acordo com o oncologista e diretor da Oncomed, Amândio Soares, estudos recentes mostram que o diagnóstico está aumentando em uma faixa etária mais jovem, com registro mostrando acometimento em pessoas entre 20 a 39 anos de idade. “A razão para essa tendência ainda não está esclarecida, mas possivelmente está associada ao estilo de vida. Ainda assim, abaixo dos 40 anos é incomum. A incidência começa aumentar significativamente entre a idade de 40 e 50 anos e aumenta a cada década de vida”, pontuou.
Segundo o coloproctologista do Orizonti, Instituto Oncomed de Saúde e Longevidade, Breno Xaia Martins da Costa, esse tipo de câncer é altamente curável, porém, infelizmente, no Brasil, muitos não se atentam aos sintomas e acabam iniciando tratamento em fase já avançada da doença, o que reduz as chances de sucesso no tratamento.
“Perdemos a oportunidade de tratar e curar o paciente devido o diagnóstico em fase tardia que, em muitos casos, são resultados da falta de informação - o que impede que as pessoas busquem ajuda, por não se atentarem ao que acontece no próprio organismo”, afirmou o especialista.
Sintomas
Embora seja comum que o paciente diagnosticado não apresente nenhum sintoma, alguns sinais devem ser observados, segundo especialistas. Na fase inicial da doença, pode surgir sangramento anal ou sangue nas fezes, além de alteração repentina do hábito intestinal (alternância entre prisão de ventre e diarreia). Já na fase mais avançada, podem ocorrer dores ou desconforto abdominais, fraqueza, anemia e alteração na forma das fezes, que podem ser muito finas e compridas.
Prevenção
Para prevenir o câncer de intestino, assim como a maioria dos demais tumores, manter hábitos de vida saudáveis é imprescindível, segundo especialistas. Além de praticar atividades físicas, é importante evitar o consumo de bebidas alcoólicas e o tabagismo, combater o sobrepeso e reduzir o consumo de carne, principalmente a vermelha. Também existe a prevenção secundária, que consiste em exames de rotina como a colonoscopia, que é seguro e feito em poucas horas.
Diagnóstico foi determinante para a cura
Em 2012, o engenheiro eletrônico Altair Mendes, na época com 55 anos, recebeu o diagnóstico de câncer de cólon. Sem apresentar nenhum sintoma, o tumor só foi descoberto porque ele mesmo pediu que o médico solicitasse, em um check-up de rotina, um exame específico de fezes. “Estava me sentindo bem, mas devido a idade, quis fazer o exame”, disse.
A partir deste exame, foi a colonoscopia que confirmou um tumor no intestino de Mendes, na mesma fase que o ator Chadwick Boseman. “O mais surpreendente é que a doença já estava no estágio três, que é o último com chance de cura. Ou seja, se chegasse na fase quatro, eu teria um diagnóstico de sobrevida de apenas oito meses”, pontuou.
Segundo ele, assim que o diagnóstico foi confirmado, foi indicada a cirurgia para retirada de 20 centímetros do seu intestino e, em seguida, ele decidiu sair de Varginha, no Sul de Minas, para iniciar a quimioterapia na Oncomed, em Belo Horizonte. “Não sofri com efeitos colaterais. O tratamento durou seis meses e fui muito bem assistido por toda a equipe. Hoje continuo fazendo o acompanhamento anual, mas sigo levando uma vida normal”.