A poucos quilômetros do centro de Belo Horizonte, a Lagoa da Pampulha, cartão-postal da capital mineira e Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, volta a se tornar pauta de boas notícias. Após décadas de esforços e intervenções urbanas, o cenário começa a mudar de forma consistente.
Desde 2022, o programa Reviva Pampulha, conduzido pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) em parceria com as prefeituras de BH e Contagem, vem promovendo uma série de ações que visam à universalização da coleta e tratamento de esgoto na bacia da lagoa, além de envolver diretamente os moradores na transformação do território.
O ponto de partida foi o diagnóstico realizado em 2021, que revelou que cerca de 5% dos imóveis da bacia não estavam conectados à rede de esgoto da Copasa. Desses, 4% já tinham rede disponível (os chamados “factíveis”), mas ainda não estavam interligados, enquanto 1% não dispunha de infraestrutura próxima (os “potenciais”).
O Plano de Ação que embasa o programa definiu como meta a interligação de 9.759 imóveis, sendo que 4.910 já foram regularizados até agora, contribuindo diretamente para impedir o despejo de esgoto in natura na lagoa.
Na prática, o Reviva Pampulha reúne um conjunto robusto de intervenções e políticas públicas: desde obras de infraestrutura, como construção de redes e melhorias operacionais, até ações de monitoramento da qualidade da água, vistorias técnicas, funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Fluviais (ETAF Pampulha), além de mobilizações sociais, campanhas educativas e comunicação direta com os moradores.
Um dos eixos centrais do projeto é justamente o trabalho social com as famílias da região. Por meio do programa Engajar para Transformar, a Copasa realiza visitas domiciliares, orienta sobre como se conectar às redes públicas, explica os benefícios da interligação e busca esclarecer dúvidas técnicas, financeiras e legais. O objetivo é mobilizar os moradores que ainda despejam esgoto em redes pluviais, preparadas apenas para receber água da chuva, ou diretamente na lagoa.
Sustentabilidade
Criado em alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e com a agenda ESG da Copasa, o programa Engajar para Transformar reforça o compromisso com a sustentabilidade e a corresponsabilidade comunitária, além de fortalecer o vínculo da população com o território e com os serviços públicos.
O trabalho busca ainda estimular o acesso à Tarifa Social, que garante até 50% de desconto nas contas de água e esgoto, e ampliar o número de adesões voluntárias.
Mas os desafios permanecem. A Copasa aponta que os principais entraves para a revitalização da Lagoa da Pampulha estão relacionados ao descarte irregular de lixo, esgoto e sedimentos, além da resistência de parte da população quanto à conexão com a rede.
Entram nesse pacote desde desinformação sobre os serviços oferecidos gratuitamente, até recusa em arcar com a tarifa de esgotamento sanitário, mesmo diante dos benefícios sociais e ambientais gerados.
Apesar disso, os investimentos avançam. Só no trimestre mais recente, foram empenhados R$ 5 milhões em obras e ações sociais. Desde janeiro de 2022, o investimento acumulado já supera os R$ 74 milhões, o que representa 51% da meta estabelecida de R$ 146,5 milhões.
No total, a Copasa já investiu mais de R$ 760 milhões nos últimos 20 anos em ações para ampliar a coleta e o tratamento de esgoto na bacia da Pampulha, o que elevou a cobertura dos serviços para 99,2% na região.
A maior parte dos afluentes da lagoa passou a registrar índice bom de qualidade da água. Os córregos Ressaca e Sarandi, que respondem por 70% da água que deságua na lagoa, são tratados na ETAF Pampulha antes de chegarem ao reservatório.
A estação, implantada em 2002, faz o pré-tratamento dos principais afluentes, com remoção de sólidos e impurezas antes que as águas sigam para a lagoa. A operação da ETAF é considerada essencial para manter o equilíbrio ambiental do sistema e tem sido reforçada com o apoio de outros programas, como o Caça-Esgoto, que atua retirando esgoto irregular de redes pluviais e cursos d’água.
Os dados reforçam que os pontos críticos da bacia estão mapeados e recebem acompanhamento constante. Os endereços com imóveis ainda não interligados foram todos identificados por GPS, e as equipes de campo realizam ações de conscientização e notificação, além de conduzir obras gratuitas de interligação, inclusive com construção do ramal interno de esgoto, sem custos para o morador.
Substituição do interceptor de esgoto
Copasa finalizou recentemente a obra de substituição do interceptor de esgoto no bairro São Luiz, uma das intervenções estruturais mais importantes do programa. Com investimento de R$ 13 milhões, a tubulação antiga, construída há mais de 30 anos, foi renovada por uma nova de diâmetro maior, com 1.800 milímetros, utilizando a tecnologia do Método Austríaco de Tunelamento (NATM), que minimizou impactos para a população.
Essa ação reforça a proteção do sistema contra extravasamentos e fortalece a segurança ambiental da Lagoa da Pampulha, garantindo que o esgoto seja conduzido adequadamente para tratamento, sem risco de contaminação direta do reservatório.
Atualmente, estão em curso os trabalhos de desmobilização, limpeza, revitalização e urbanização na Av. Otacílio Negrão de Lima, entre a Alameda das Latânias e a Praça do Aleijadinho, áreas que serviram como canteiro de obras.
Essas ações serão realizadas em etapas e com restrições pontuais de trânsito para garantir a segurança e o avanço dos serviços. A previsão é que toda essa fase seja concluída até o final de abril, restituindo à população espaços urbanos mais limpos e adequados, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e a valorização da região da Pampulha.
Ampliação estratégica
Também foi iniciada recentemente uma etapa considerada estratégica do ponto de vista social, com obras de ampliação das redes de água e esgoto em 30 comunidades de Contagem, beneficiando mais de 18 mil pessoas. Somente nessa frente, estima-se que cerca de 1.300 famílias deixarão de lançar esgoto irregular na bacia.
As primeiras ações ocorrem nas comunidades Bela Vista, Parque São João e Beatriz. Até o momento, 50% dos moradores aderiram espontaneamente ao serviço, e apenas 3% recusaram a interligação.
Já as ações de remoção de lixo e desassoreamento da lagoa, também fundamentais para sua revitalização completa, estão a cargo das prefeituras de Belo Horizonte e Contagem e fazem parte de um plano articulado de recuperação ambiental da Pampulha que, enfim, começa a ganhar novos contornos, mais próximos do que a cidade tanto espera há décadas.
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