Três anos e meio se passaram desde o rompimento de Brumadinho. Nesse período, as indenizações individuais progrediram, projetos para desenvolvimento econômico e melhoria de saúde, educação e infraestrutura estão avançando nos municípios impactados e o meio ambiente dá sinais de recuperação.
Em entrevista, o diretor de Reparação de Desenvolvimento da Vale, Marcelo Klein, conta que a busca por uma reparação integral é feita tendo como premissa a escuta dos moradores e do poder público. E que mais do que restaurar é preciso compensar os danos causados. O Acordo de Reparação Integral, compromisso assinado pela Vale no valor estimado de R$ 37,7 bilhões, teve seus primeiros projetos entregues nesse semestre, após as aprovações pelos compromitentes e auditoria. Mais de R$ 18,5 bilhões já foram desembolsados.
Klein explica ainda que Brumadinho foi um gatilho para uma mudança intensa dentro da empresa, colocando o propósito de ser uma empresa mais segura, confiável e humana e tendo o princípio de garantia de não repetição como um norte para toda a empresa.
Qual a maior lição aprendida pela empresa após Brumadinho?
Jamais esqueceremos Brumadinho. O rompimento da barragem foi um marco que provocou uma reflexão profunda em todos nós e um movimento de transformação cultural que está inspirando a construção de uma empresa mais segura, confiável e humana. Segurança, Pessoas e Reparação são as bases de nossa gestão. Pessoalmente, posso dizer que o contato com as famílias despertou em mim uma reflexão imensa. Trabalhamos com o propósito de recuperar ambientalmente e desenvolver socialmente os municípios, compensar todas as pessoas impactadas e adotar medidas que garantam que um novo rompimento nunca mais ocorra.
Nunca tive tanta certeza de que a empresa está mudando. Queremos estabelecer um novo pacto com a sociedade, desenvolvendo as regiões onde atuamos, colocando as pessoas no centro de nossas decisões, com o propósito de melhorar a vida e transformar o futuro. Isso começa por Brumadinho.
As famílias das vítimas já foram indenizadas?
Estamos comprometidos em indenizar os atingidos de forma rápida e definitiva. Mais de 13 mil pessoas firmaram acordos, o que representa mais de R$ 3 bilhões pagos em indenizações individuais. Há um ano, 10 mil pessoas tinham fechado acordo no valor total de R$ 2 bilhões.
Ao menos um membro da família de cada trabalhador falecido no rompimento já fechou acordo de indenização com a Vale. As indenizações são homologadas pela justiça, ressarcindo quem sofreu algum dano em decorrência do rompimento da barragem de Brumadinho e quem foi impactado pelas evacuações e realocações preventivas em função das barragens.
O que está sendo feito para compensar as comunidades atingidas em Brumadinho?
A partir da escuta dos moradores, queremos compensar os danos coletivos contribuindo para mudanças duradouras, apoiando o fortalecimento do serviço público, melhorando a infraestrutura e os serviços de saúde, educação e lazer. Recentemente, em Brumadinho, foram reformados o Centro Esportivo e o Batalhão da Polícia Militar. Também foram entregues três creches, uma unidade da saúde da família, equipamentos para saúde que ampliem os serviços de atenção básica.
Em Córrego do Feijão, a comunidade mais próxima do local do rompimento, estamos trabalhando por sua ressignificação. O Território-Parque é um projeto de requalificação urbana que está em construção. Espaços de convivência como a área do bosque e da pérgula foram
abertos recentemente à comunidade. O projeto prevê ainda trilhas, mirante e campo de futebol. Além disso, haverá um Mercado Comunitário e um Centro de Cultura e Artesanato, onde funcionarão negócios locais, que recebem consultoria e recursos para se profissionalizarem. O objetivo é torná-lo um destino turístico e aliar melhoria na qualidade de vida à geração e emprego e renda.
Paralelamente, também estamos realizando uma série de projetos que reduza a dependência da mineração e diversifique a economia por meio de mentoria e capacitação de mão de obra no turismo, empreendedorismo e agropecuária.
Como o Acordo de Reparação está avançando?
O Acordo trouxe mais previsibilidade, transparência e efetividade para ações de reparação que já estamos realizando desde 2019. Além disso, estende a compensação para todo o estado de Minas Gerais, priorizando Brumadinho e os outros 25 municípios impactados. O acordo tem valor estimado de R$ 37,7 bilhões. A Vale já desembolsou R$ 18,5 bilhões.
Estamos empenhados na realização dos projetos. Nesse semestre, 150 iniciativas sociais para os municípios impactados foram selecionadas a partir da Consulta Popular. Nesse período, também recebemos aval para execução de 16 projetos prioritários, para Saúde, Infraestrutura e Desenvolvimento Econômico. Entre eles, a estruturação de Salas de Emergências para 26 municípios. O projeto já está em andamento e será concluído em agosto.
Entre as obrigações a Pagar, projetos custados pela Vale e executados pelos compromitentes, os valores foram destinados para Programa de Segurança Hídrica, Mobilidade Urbana, Fortalecimento do Serviço Público e o Programa de Transferência de Renda, solução definitiva ao pagamento emergencial para a população das regiões atingidas.
Como está a recuperação da área ambientalmente degradada?
Até o momento, estão em processo de recuperação uma área de 27 hectares, com o plantio de 70 mil mudas. Essa área equivalente a 27 campos de futebol e inclui áreas diretamente atingidas pelo rompimento, além de reservas legais e Áreas de Preservação Permanente (APP). A Vale segue estudando a área impactada para viabilizar a completa restauração do ecossistema. Para isso, recorre a parcerias com instituições de ensino como a Universidade Federal de Viçosa, reconhecida por sua atuação em ciências florestais.
E como estão as buscas das quatro pessoas ainda não encontradas?
Até o início de julho, foram encontradas e identificadas 266 vítimas e 4 estão sendo procuradas. As buscas pelas vítimas do rompimento tiveram início em 25 de janeiro de 2019 e seguem de forma sistemática, tendo sofrido duas paralisações temporárias em razão da pandemia de Covid.
A 8ª estratégia de buscas do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) retomou sua operação neste semestre. Essa ação foi planejada pela Vale, Inteligência do CBMMG, Polícia Civil (por meio do Instituto Médico Legal), com a participação de familiares de vítimas, com o objetivo de trazer mais efetividade e velocidade ao trabalho. As buscas agora são feitas em três estações montadas na área da antiga Mina de Córrego Feijão. Outras duas estão previstas para começar a operar no próximo semestre.
O que tem sido feito para que não haja mais um novo rompimento de barragem?
Não poupamos esforços para elevar a segurança de nossas operações. A Vale reformulou a gestão de suas barragens, em linha com as boas práticas adotadas no GISTM (em inglês) -
Padrão Global da Indústria para a Gestão de Rejeitos, com uma abordagem mais preventiva, focada na segurança das pessoas e cuidados com o meio ambiente.
Um dos pilares dessa nova gestão é nosso compromisso e a obrigação legal de encerrar o uso de barragens a montante, isto é, construídas sobre rejeitos, como a B1. Sete das 30 estruturas a montante já foram eliminadas. Para este ano, está prevista a conclusão das obras de mais cinco estruturas. Com isso, devemos encerrar o ano com 40% das nossas estruturas a montante eliminadas.
Conteúdo de inteira responsabilidade do anunciante.