Espaços públicos

Coronavírus: Caminhar ou pedalar em praças não é seguro, afirma infectologista

Segundo Carlos Starling, estudo recente prova que, nestes casos, distância mínima entre as pessoas teria que ser de dez metros

Por Igor Veiga
Publicado em 09 de abril de 2020 | 18:05
 
 
 
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Pelo menos 2.000 internações deixaram de acontecer e 60 vidas foram salvas em Belo Horizonte devido às medidas de isolamento social decretadas pela prefeitura da capital desde o início da pandemia do novo coronavírus no Brasil. A informação foi divulgada pelo infectologista Carlos Starling na tarde dessa quinta-feira (9). 

“Que isso fique muito claro para todos vocês. Essa é a amostra que nós temos e nós queremos chegar ao final dessa epidemia com o mínimo possível de mortes, mas, para isso, temos que ter muita disciplina e nos manter em isolamento social”, destacou o especialista.

Corrida e ciclismo em praças 

Starling fez um alerta aos que insistem em usar praças e outros espaços públicos para praticar atividades físicas ao ar livre. Segundo ele, estudos recentes feitos no exterior provam que correr ou pedalar, mesmo que mantendo uma distância de 2 m entre as pessoas, não evita o contágio do novo coronavírus.

“O que nós estamos vendo aí é uma pressão das pessoas querendo usar as praças e espaços públicos para correr ou pedalar, mas tem trabalho científico já sobre isto mostrando que pessoas correndo ou pedalando, mesmo se elas ficam a uma distância de 2 m entre si, não é seguro, não é suficiente”, disse o infectologista.

“Quem estiver na frente vai oferecer risco para quem vem atrás. Esse estudo mostrou que, para não respirar o que a outra está respirando, ela tem que ficar de 10 m a 20 m para trás. Isso é impossível em qualquer praça, em qualquer espaço urbano de Belo Horizonte”, alerta Starling.

Pico da doença em BH

Sobre a estimativa do pico de casos da Covid-19 em BH, segundo Starling, as projeções atuais da prefeitura apontam que ele seja alcançado entre os dias 5 a 21 de maio. 

“Nossa sugestão foi que não houvesse uma data específica, porque isso gera uma expectativa na população que, eventualmente, não se cumpre. Em epidemias, nos baseamos em dados epidemiológicos e temos que acompanhar esses dados na medida em que as intervenções vão sendo feitas em função da informação epidemiológica. Então, na prática, não podemos estabelecer dia X ou Y para poder relaxar com medida restritiva nem nada”, explica Starling.

Ocupação dos leitos do SUS já está em 80%

De acordo com o secretário municipal de Saúde, Jackson Machado, apesar de ainda estar longe do pico projetado da epidemia, 80% dos cerca de 6.000 leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) disponíveis hoje em BH já estão ocupados.

“Atualmente, no sistema público de saúde, a cidade tem hoje 21 pacientes internados em UTIs, além de outros 126 aguardando vagas de internação em enfermarias”, informou o secretário. Segundo Machado, a capital dispõe de 570 leitos de CTI no SUS e outros 136 foram criados desde o começo da pandemia do novo coronavírus. 

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