Diante da queda do movimento nos bares e restaurantes por causa da epidemia de coronavírus, muitos estabelecimentos estão apostando no delivery para reduzir o prejuízo. Algumas casas de Belo Horizonte e da região metropolitana já planejam fechar temporariamente as portas e manter apenas o serviço de entrega de comida em casa, que evita aglomerações de pessoas e, assim, diminui o risco de contágio da doença. De acordo com o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (Sindhorb), a estimativa é de queda de 50% no faturamento do setor apenas neste mês.

O Mocca Coffee and Meals, em Nova Lima, na região metropolitana, estabeleceu um preço de 20% a 30% menor nos pratos executivos de almoço para pedidos no delivery e, a partir da próxima semana, a ideia é fechar as portas e trabalhar apenas com entrega a domicílio. Nesta semana, houve queda de cerca de 50% no movimento.

"Estamos adotando medidas de prevenção como a maioria dos restaurantes: aumentamos o espaçamento entre as mesas, colocamos álcool gel em alguns pontos, disponibilizamos talheres de plástico, criamos um cardápio virtual e desligamos o ar-condicionado, deixamos tudo aberto. Mas, com esse aumento de casos de coronavírus, os funcionários ficam expostos, precisam pegar ônibus, e vamos parar por um tempo", afirma a proprietária Adriana Martins Gomes. Segundo ela, a expectativa é fechar a unidade física por cerca de 15 dias. "Se isso continuar por mais tempo, vai ser difícil", completa.

A partir da próxima semana, a Bitaca da Leste, no bairro Santa Tereza, na região Leste da capital, vai oferecer almoço, petiscos e sanduíches por delivery. O estabelecimento também vai preparar opões de comida congelada e kits com produtos da mercearia própria. “Estamos nos organizando para atender via delivery ou para as pessoas buscarem na loja, na tentativa de manter a casa funcionando e de continuar a oferecer uma opção de comida com afeto e ingredientes locais. Acreditamos que as pessoas vão precisar de opções para além da pizza e do hambúrguer", diz o proprietário da casa, Luiz Paulo Mairink. Para preservar a saúde de funcionários e clientes, a Bitaca da Leste também estuda a possibilidade de fechar o atendimento direto ao público.

As 40 unidades da rede de franquias Mr. Hoppy Brasil, inclusive as de Belo Horizonte, vão adotar, a partir desta quarta-feira (18), um novo modelo de operação: os clientes poderão fazer pedidos pelo Facebook ou Instagram das unidades e retirá-los na loja. Além disso, a casa vai oferecer cardápio completo, incluindo chope, no iFood.

"Vamos tentar continuar vendendo sem colocar ninguém em riso e dentro do que está sendo determinado e trabalhar com parcerias. Por exemplo, as cervejarias que estão comigo vão divulgar que estou sendo um ponto de delivery ou entrega no balcão de chope. Outra coisa é renegociar os valores que temos para pagar", diz o franqueado do Mr. Hoppy, Diogo Manfredini. "O ojetivo da empresa nesse momento é manter todos os funcionários", completa.

Nesta semana, o Outback anunciou a chegada do serviço de delivery a Belo Horizonte, nas unidades do Boulevard Shopping, BH Shopping e Pátio Savassi – a implantação do modelo de entrega de comida em casa já era planejada e prevista antes da pandemia de coronavírus. Os pedidos podem ser feitos pelo iFood, e os clientes pagam o mesmo valor cobrado nos restaurantes, com adição da taxa de entrega. “Além dos momentos especiais vividos em nossos restaurantes, também vamos oferecer todas as delícias na comodidade de casa ou do trabalho”, afirma Flávio Mattos, sócio regional do Outback Steakhouse.

O Cabernet Butiquim, no bairro Funcionários, na região Centro-Sul da capital, também está investindo em uma diversidade maior de pratos e opções de delivery para atender os clientes. A casa adotou, ainda, medidas de prevenção, como distância maior entre as cadeiras.

O presidente do Sindhorb, Paulo César Pedrosa, diz que a tendência, no momento, é o delivery. Mas ressalta que a medida não é suficiente para manter os estabelecimentos em funcionamento. "Temos que ver as medidas que os governos vão adotar em relação às contas de água e luz, IPTU e outros impostos. Apenas neste mês a queda prevista é de mais de 50% do faturamento, as empresas já estão demitindo", afirma.

Ele ressalta que, em Belo Horizonte, o setor gera em torno de 45 mil empregos diretos. A entidade propõe medidas como redução salarial e concessão de férias coletivas durante a crise do coronavírus. "Se nada for feito, enxergo, em 90 dias, uma quebradeira do setor", diz.