O maior levantamento sobre a pandemia do novo coronavírus no Brasil indicou que as principais cidades brasileiras têm sete vezes mais infectados pelo vírus do que os números oficiais mostrado pelos testes.
O estudo realizado pela Universidade de Pelotas, que contou com recursos do Ministério da Saúde, foi o levantamento mais amplo feito no país para avaliar o tamanho da disseminação do vírus em território nacional.
Foram testadas e entrevistadas 25 mil pessoas pelo país em 133 cidades, entre os dias 14 e 21 de maio. Foram incluídas no estudo apenas as 90 cidades em que foi possível realizar mais de 200 entrevistas. A constatação é que 1,4% da população está infectada pelo Covid-19, percentual que fica entre 1,3% e 1,6% com a margem de erros. No início do levantamento, havia 104 mil casos oficiais nas cidades pesquisadas, mas o estudo apontou que na realidade eram cerca de 760 mil infectados - sete vezes mais do que o número oficial.
"Assim, os dados do EPICOVID19-BR estimam que, para cada caso confirmado de coronavírus nessas cidades, existem 7 casos reais na população", conta o resumo da divulgação da pesquisa. "Não é por acaso que o logotipo do EPICOVID19-BR remete a um iceberg. Os casos confirmados, que aparecem nas estatísticas oficiais, representam apenas a ponta visível de um iceberg cuja maior parte está submersa. Para conhecer a magnitude real do coronavírus, é obrigatória a realização de pesquisas populacionais", diz o relatório do estudo.
A pesquisa verificou se as pessoas tinham anticorpos para a doença — pode se tratar de infectados assintomáticos. Nas estatísticas oficiais, contam-se casos confirmados, pessoas com sintomas evidentes da doença que foram testadas.