Com horário de funcionamento reduzido e controle de entrada nas agências, os bancos têm registrado longas filas todos os dias. Em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, onde a prefeitura determinou que as instituições bancárias devem distribuir máscaras aos clientes, muitas pessoas aguardavam atendimento sem o equipamento de proteção. Apesar das orientações de manutenção de distância de segurança, parte dos usuários não respeitava as normas nesta quarta-feira (15).

Em uma agência do Banco Itaú, no Eldorado, havia cerca de 30 pessoas na fila na tarde desta quarta-feira. Um funcionário da instituição orientava os usuários a manter distância de segurança. Nesta terça-feira (14), uma agência do banco foi interditada e multada em R$ 30 mil pela Guarda Municipal por descumprir a determinação de distribuição de máscaras aos clientes.

A aposentada Ely Alves, 57, precisou fazer um depósito e usou máscara para ir ao banco. "Conta a gente até paga pelo aplicativo, mas depósito não tem jeito. Fico com medo, mas fazer o quê? Adotando todas as precauções, a gente faz o que precisa fazer", diz.

O aposentado Francisco Gonçalves, 70, também usa máscara na rua, mas tem tentado evitar ao máximo sair de casa. Nesta terça-feira, ele foi ao banco pagar um boleto, mas chegou depois das 14h, horário de fechamento implantado durante a pandemia, e não conseguiu atendimento. Nesta quarta-feira, enfrentou a fila novamente. "Estou saindo de casa só em caso de necessidade. Ninguém morre antes da hora, o tempo é de Deus, não é nosso, mas a gente tem que cuidar, fazer a nossa parte", afirma.

Na agência do Banco Bradesco, no Eldorado, avisos orientam sobre a necessidade de distância entre os usuários, e há controle na entrada. Cerca de dez pessoas aguardavam na fila.

No Banco do Brasil, mais de 20 pessoas aguardavam atendimento no lado externo da agência, também no bairro Eldorado. Marcas no chão indicam a distância a ser respeitada entre os clientes, e funcionários orientam os usuários sobre medidas de segurança.

O comerciante Sérgio Gonçalves, 51, esqueceu de pagar uma conta da internet, teve o serviço cortado e precisou ir ao banco para resolver o problema. Sem máscara na fila, ele diz que sente medo. "Eu tenho ficado mais em casa, está tudo parado, mas tem hora que não tem jeito, tem que pagar conta. Estou receoso com o avanço da epidemia", conta.

Já na agência do Santander, também no Eldorado, cerca de 14 pessoas aguardavam na fila, poucas com máscara. Um funcionário controlava a entrada dos clientes e distribui álcool em gel.

O motorista de aplicativo Alex Soares, 31, era um dos que estavam na fila. Ele conta que, como é autônomo, continua a trabalhar na rua, enquanto aguarda receber o auxílio mensal de R$ 600 do governo. "Tem que trabalhar, mas está complicado. Fico com medo, tive que me afastar de todo mundo", diz.

A empresária Beatriz Rodrigues, 56, reclama da fila: "O que adianta fazer quarentena em casa, se fila em banco e lotérica pode? Não faz sentido".

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) ressaltou que, além dos benefícios pagos regularmente, as pessoas estãoindo às agências bancárias para receber o auxílio emergencial pago pelo governo em resposta à crise. "Infelizmente, apesar dos alertas, não está havendo uma migração do atendimento presencial para os canais digitais. Para evitar aglomerações e combater a proliferação do novo coronavírus, reforçamos a importância do uso dos canais digitais", informou a nota.