Imunização em MG

Falta da Coronavac interrompe aplicação da 2ª dose e gera frustração em BH

Segundo a PBH, são necessárias 80 mil doses para completar esquema vacinal, mas a capital só recebeu 770 imunizantes do Ministério da Saúde

Por Rômulo Almeida
Publicado em 03 de maio de 2021 | 12:03
 
 
 
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A suspensão da aplicação da Coronavac em Belo Horizonte frustrou quem procurou pela vacina em postos de saúde nesta segunda-feira (3). Idosos a partir de 67 anos, que poderiam receber a segunda dose do imunizante, tiveram o esquema vacinal interrompido até a chegada de um novo lote na capital. 

Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), através da Secretaria Municipal de Saúde, são necessárias cerca de 80 mil doses para completar o esquema vacinal de idosos de 67, 66, 65 e 64 anos. Porém, a última remessa enviada pelo Ministério da Saúde à capital chegou no sábado, com 770 unidades.

Esse déficit fez com que uma grande fila se formasse, por exemplo, na frente do Centro de Saúde Serrano, na região da Pampulha. Muitos idosos estavam com a aplicação da segunda dose da Coronavac marcada para esta segunda-feira, mas ficaram revoltados com a falta de imunizantes. 

Ângela Maria, 67, é do grupo de risco da Covid-19 e ficou desesperada quando uma funcionária do posto a informou sobre a falta da Coronavac. "Eu tenho cinco safenas, três válvulas, quatro stends, preciso da vacina e não tenho. Eles têm que avisar o dia que vai ter. Estou na fila não é de hoje e só agora a moça vem avisar. Minha cardiologista falou que eu tenho que tomar o mais rápido possível", reclama. 

Para Marta de Freitas, 67, há falhas na gestão da vacinação. "Não é culpa do município, mas do governo federal que não programou isso. O desgoverno que a gente tem nesse país. O sentimento é de insegurança. Nós não teríamos mais de 400 mil mortos, se não fosse a incompetência do governo federal" diz. 

Antônio Daniel teme ficar sem a cobertura vacinal completa. "Se você tomar no dia, com certeza vai se sentir imunizado. Se não, o brasileiro vai se sentir desprotegido, vai adoecer, vai para o médico e vai sofrer. A gente não sabe o que ocorre quando você toma só uma dose", diz. 

No centro de saúde Menino Jesus não havia fila, mas também teve idoso à procura da segunda dose da Coronavac. É o caso de Lúcia Cardoso, 67. Ela não encontrou palavras para descrever a indignação. 

"Nós estamos sendo tratados como... Não vou falar o nome, se não vai ficar feio. Mas acho uma falta de respeito com o cidadão, principalmente com os idosos. Quero deixar registrada minha indignação com a falta de respeito. Agora a única alternativa é esperar", lamenta. 

Resposta da prefeitura

Questionada pela reportagem, a PBH afirmou, por meio de nota, que a Secretaria Municipal de Saúde não reservou vacinas para a segunda dose para o público de 64 a 67 anos por orientação do Plano Nacional de Imunização (PNI), realizado pelo Ministério da Saúde. 

"Como medida de organização e planejamento, a Secretaria Municipal de Saúde realizou uma reserva técnica que garantiu a segunda dose dos grupos prioritários na última semana. No entanto, com a falta de repasse de novas doses, só foi possível contemplar a faixa etária até 68 anos", continua a nota. 

De acordo com o governo municipal, atrasar a aplicação da segunda dose entre 15 e 21 dias após o intervalo máximo de 28 dias entre as duas aplicações não compromete a eficácia da vacina. 

O governo muncipal também afirmou que "os profissionais de saúde do Centro de Saúde Serrano têm reforçado as orientações sobre as medidas de segurança, como distanciamento, e ampliaram as equipes de vacinação para dar maior agilidade na aplicação das primeiras doses de AstraZeneca, nos idosos de 60 anos. Outra ação adotada foi antecipar, já na fila, a conferência dos documentos necessários para receber a dose da vacina". 

A Secretaria Municipal de Saúde reforçou que as vacinas da Astrazeneca para o público contemplado nesta fase estão garantidas, não sendo necessário chegar aos locais antes do horário inicial das aplicações. 

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