Entre as várias maneiras de combater o coronavírus, é estudado o uso do plama sanguíneo humano de pessoas que já se recuperaram da Covid-19. Esses pacientes que já se curaram da doença têm anticorpos que podem ajudar no tratamento de outras pessoas com o coronavírus e estão em estado grave. Quem já tiver superado a doença e atender outras exigências pode ser um voluntário na pesquisa. Em Belo Horizonte, a Fundação Hemomonas recebe o líquido para pesquisas.
Quem pode doar.
Para ser um doador, a pessoa deve ser do sexo masculino; ter entre 18 e 60 anos; ter resultado positivo de coronavírus comprovado por exame médico; não apresentar sintomas da Covid-19 há, pelo menos, 14 dias; e já ter sido liberado do isolamento obrigatório pelo médico. O doador também deve atender aos requisitos necessários para a doação de sangue comum.
Mulheres não poderão doar por enquanto porque as gestantes podem ter no sangue anticorpos que prejudicam o sistema respiratório de quem for receber o sangue para o tratamento da Covid-19.
Como se inscrever.
Quem tiver se curado da doença e atende a lista de exigências deve ligar para o Hemominas pelo telefone (31) 3768-4524, às segundas e quintas-feiras de 7h às 12h. A coleta é feita somente em BH, no hemocentro que fica na Alameda Ezequiel Dias, 321, no bairro Santa Efigênia.
O aspirante a doador deverá comparecer duas vezes ao hemocentro após o agendamento. Uma para coleta de materiais para exame e entrevista e, a outra, para a doação do plasma. O processo dura em média 40 minutos e é seguro, segundo o hemocentro.
Importância da doação.
Por causa dessa quantidade de exigências, conseguir quem queira e possa doar não é tarefa fácil. Até essa terça-feira (2), o hemocentro recebeu poucas pessoas dispostas a doar, mas não puderam ter o sangue retirado porque esbarraram em algum dos critérios. "Não é muito simples encontrar esses doadores, por isso precisamos contar com a sensibilização das pessoas que sabem que já estiveram doentes e têm condição de doar", diz Marcelo Fróes, médico hematologista do Hemominas. Segundo ele, o Estado de São Paulo conseguiu 120 doadores.
Marcelo conta que uma das pessoas que procuraram o Hemominas para doar o plasma tinha piercing na língua, o que causa risco de infecção e, por isso, foi barrado. Um outro homem havia sido picado por um morcego dias antes e não pode ser um voluntário.
Caso seja comprovado que o uso do plasma para tratar a Covid-19 funciona, os pacientes vão passar a contar com uma maneira de diminuir os sintomas graves. "As pessoas que tiveram a infecção mais leve pelo coronavírus se curam desenvolvem anticorpos capazes de neutralizar o vírus. A nossa intenção é usar esse plasma rico em anticorpos para antecipar a resposta que o paciente já vai ter. Com isso a gente espera reduzir o tempo de internação e evitar que eles desenvolvam para um quadro que necessite de terapia intensiva", diz o médico.
Marcelo explica que a terapia foi usada em outras infecções, como o SARS.
"Nós ainda não temos todas as respostas. Isso é como se fosse um grande quebra-cabeça. O conjunto desses trabalhos todos é que vai mostrar a eficácia do tratamento. Temos resultados pqrciais da China, da Europa, que começaram os estudos mais cedo. Em Belo Horizonte estamos em uma fsse inicial, recrutando os doadores", explica Marcelo.
O que é o plasma?
"O plasma é a parte líquida do sangue. A parte não celular do sangue que contém, entre várias substâncias, vários hormônios, os anticorpos que são proteínas que ajudam no combate a infecções", explica marcelo.
A doação desse componente não causa prejuízo à saúde da pessoa, pois a substância se recompõe poucas horas após a transfusão, segundo o hematologista.