Combate à pandemia

Hemominas recebe plasma de curados da Covid para pesquisa; saiba quem pode doar

Médicos estudam se o plasma de pacientes que desenvolveram anticorpos contra a doença funcionam no tratamento de outras pessoas de forma segura, reduzindo o tempo de internação

Por Rômulo Almeida
Publicado em 02 de junho de 2020 | 13:11
 
 
 
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Entre as várias maneiras de combater o coronavírus, é estudado o uso do plama sanguíneo humano de pessoas que já se recuperaram da Covid-19. Esses pacientes que já se curaram da doença têm anticorpos que podem ajudar no tratamento de outras pessoas com o coronavírus e estão em estado grave. Quem já tiver superado a doença e atender outras exigências pode ser um voluntário na pesquisa. Em Belo Horizonte, a Fundação Hemomonas recebe o líquido para pesquisas.  

Quem pode doar.

Para ser um doador, a pessoa deve ser do sexo masculino; ter entre 18 e 60 anos; ter resultado positivo de coronavírus comprovado por exame médico; não apresentar sintomas da Covid-19 há, pelo menos, 14 dias; e já ter sido liberado do isolamento obrigatório pelo médico. O doador também deve atender aos requisitos necessários para a doação de sangue comum.

Mulheres não poderão doar por enquanto porque as gestantes podem ter no sangue anticorpos que prejudicam o sistema respiratório de quem for receber o sangue para o tratamento da Covid-19.

Como se inscrever.

Quem tiver se curado da doença e atende a lista de exigências deve ligar para o Hemominas pelo telefone (31) 3768-4524, às segundas e quintas-feiras de 7h às 12h. A coleta é feita somente em BH, no hemocentro que fica na Alameda Ezequiel Dias, 321, no bairro Santa Efigênia.

O aspirante a doador deverá comparecer duas vezes ao hemocentro após o agendamento. Uma para coleta de materiais para exame e entrevista e, a outra, para a doação do plasma. O processo dura em média 40 minutos e é seguro, segundo o hemocentro.

Importância da doação.

Por causa dessa quantidade de exigências, conseguir quem queira e possa doar não é tarefa fácil. Até essa terça-feira (2), o hemocentro recebeu poucas pessoas dispostas a doar, mas não puderam ter o sangue retirado porque esbarraram em algum dos critérios. "Não é muito simples encontrar esses doadores, por isso precisamos contar com a sensibilização das pessoas que sabem que já estiveram doentes e têm condição de doar", diz Marcelo Fróes, médico hematologista do Hemominas. Segundo ele, o Estado de São Paulo conseguiu 120 doadores.

Marcelo conta que uma das pessoas que procuraram o Hemominas para doar o plasma tinha piercing na língua, o que causa risco de infecção e, por isso, foi barrado. Um outro homem havia sido picado por um morcego dias antes e não pode ser um voluntário.

Caso seja comprovado que o uso do plasma para tratar a Covid-19 funciona, os pacientes vão passar a contar com uma maneira de diminuir os sintomas graves. "As pessoas que tiveram a infecção mais leve pelo coronavírus se curam desenvolvem anticorpos capazes de neutralizar o vírus. A nossa intenção é usar esse plasma rico em anticorpos para antecipar a resposta que o paciente já vai ter. Com isso a gente espera reduzir o tempo de internação e evitar que eles desenvolvam para um quadro que necessite de terapia intensiva", diz o médico.

Marcelo explica que a terapia foi usada em outras infecções, como o SARS.

"Nós ainda não temos todas as respostas. Isso é como se fosse um grande quebra-cabeça. O conjunto desses trabalhos todos é que vai mostrar a eficácia do tratamento. Temos resultados pqrciais da China, da Europa, que começaram os estudos mais cedo. Em Belo Horizonte estamos em uma fsse inicial, recrutando os doadores", explica Marcelo.

O que é o plasma?

"O plasma é a parte líquida do sangue. A parte não celular do sangue que contém, entre várias substâncias, vários hormônios, os anticorpos que são proteínas que ajudam no combate a infecções", explica marcelo.

A doação desse componente não causa prejuízo à saúde da pessoa, pois a substância se recompõe poucas horas após a transfusão, segundo o hematologista.

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