Posicionamento

MBL prega independência e não adere a movimentos contra o governo Bolsonaro

Coordenador do movimento, Rubinho Nunes fala em desenvolvimento de uma frente ampla contra o presidente, mas prega independência institucional

Por Estadão Conteúdo
Publicado em 05 de junho de 2020 | 16:28
 
 
 
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Criado em meio às manifestações contra o governo de Dilma Rousseff e atualmente na oposição a Jair Bolsonaro, o Movimento Brasil Livre (MBL) não aderiu de imediato aos novos movimentos contrários ao governo federal. De acordo com Rubinho Nunes, coordenador do MBL, o cenário constituído no governo federal legitima o surgimento de novas frentes de oposição, mas a adesão a eles não faz parte dos planos do grupo.

De acordo com Nunes, movimentos como Juntos, Somos70PorCento e outras iniciativas que surgiram recentemente reforçam a oposição, mas o MBL deve manter sua independência institucional. No entanto, o coordenador afirma que o diálogo com eles é natural. "Nós temos nossa independência institucional. Podemos dialogar com todos. Assim como na época do impeachment da Dilma foi criado o comitê pró-impeachment - que reunia também o VPR e parlamentares - pode ser criado algo semelhante no momento oportuno".

À frente de movimentos de rua numerosos no período anterior ao impeachment da ex-presidente, o MBL ainda não promoveu atos contra o governo Bolsonaro, mesmo fazendo declarada oposição ao presidente. "Eu mesmo sou autor do pedido de impeachment que protocolamos (contra Bolsonaro). (...) Nós temos mantido a nossa linha de atuação e estudado maneiras de manifestação que respeitem as normas de isolamento. Essa tem sido a grande dificuldade", disse Nunes.

Antes de encampar oposição aberta ao presidente - mesmo com votos favoráveis a pautas do governo, principalmente no campo econômico, por parlamentares ligados ao movimento - o MBL chegou a fazer um mea culpa pela radicalização do cenário político do Brasil no ano passado, anunciando que o foco se voltaria para o debate. As críticas ao governo que distanciaram o movimento de Bolsonaro e da linha política do Planalto são enumeradas pelo coordenador, que chegou a sugerir o desenvolvimento de uma frente ampla de oposição.

"Estamos falando de um presidente que claramente não respeita as instituições, coloca em risco a democracia e transformou o Palácio do Planalto em um balcão de negócios para permanecer no poder. Veja os acordos com o Centrão... Não bastasse, ficou evidente o aparelhamento da PF, que coloca em risco investigações em andamento e todos aqueles que se levantam contra o Governo. O assassinato de reputações tem se mostrado uma prática comum. Em um cenário como esse, é natural o desenvolvimento de uma frente ampla contra o Governo", disse.

Quando questionado sobre a possibilidade de participar de atos de oposição unificados e com a presença de antigos rivais, que ocuparam lados opostos na época do governo de Dilma Roussef, Nunes faz uma distinção. Para ele, o MBL pode fazer um alinhamento por pauta no caso de um potencial impeachment de Bolsonaro, no entanto, descarta qualquer possibilidade de se incluir em uma mesma frente que o PT.

"O PT é tão "democrático" quanto o próprio Bolsonaro. O bolsopetismo é uma realidade. Não vejo o MBL fazendo algo ao lado do PT. Ambos são nocivos para a democracia (...). É cedo para falar o que irá acontecer, mas com certeza não será com o PT."

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