O Ministério da Saúde começou a distribuir 3,4 milhões de unidades dos medicamentos cloroquina e hidroxicloroquina a todos os Estados do país para uso em pacientes com formas graves da Covid-19. Apesar de reconhecer que "ainda não há evidências científicas suficientes que comprovem a eficácia do medicamento para casos de coronavírus", a pasta ressalta que "estudos promissores demonstram o benefício do uso em pacientes graves". O Estado de Minas Gerais ainda não recebeu os fármacos, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG).
Na última sexta-feira (27), o Ministério da Saúde publicou uma nota informativa sobre o uso da cloroquina no tratamento da doença. No texto, a pasta diz que o medicamento será disponibilizado como terapia adjuvante no tratamento de pacientes hospitalizados e em estado grave, para uso a critério médico. O profissional de saúde deve avaliar caso a caso e utilizar o fármaco se entender que ele pode ser benéfico para o paciente.
Para tomar a decisão de distribuir a cloroquina e a hidroxicloroquina, o Ministério da Saúde considerou, segundo a nota informativa, que "algumas publicações científicas internacionais têm sugerido que esses fármacos podem inibir a replicação de Sars-Cov". A pasta avaliou também que a cloroquina "é um tratamento de baixo custo, de fácil acesso e também facilmente administrado" e que os laboratórios públicos brasileiros têm capacidade de produzir o medicamento em larga escala.
O protocolo prevê cinco dias de tratamento. A cloroquina e a hidroxicloroquina devem complementar os outros suportes, como assistência ventilatória e medicações para os sintomas.
De acordo com o Ministério da Saúde, "o uso de cloroquina ou de hidroxicloroquina pode ser seguro", embora a margem entre a dose terapêutica e a dose tóxica "seja estreita". A pasta ressalta que "a automedicação é contraindicada".
O quantitativo da primeira distribuição dos medicamentos foi calculado conforme o aumento de casos de Covid-19 no Brasil e a velocidade de transmissão do coronavírus no país. Segundo o Ministério da Saúde, a quantidade enviada a cada Estado e ao Distrito Federal "será suficiente para atender de imediato os pacientes hospitalizados e para o pronto atendimento de novos casos". Nenhum Estado receberá menos de quatro caixas do medicamento (2.000 comprimidos).
Em nota, a SES-MG informou que ainda não recebeu os medicamentos e que o Ministério da Saúde não informou uma previsão de envio.
Pesquisa. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também liberou, na última sexta-feira, a pesquisa com hidroxicloroquina para o tratamento da Covid-19. A licença permite ao Hospital Israelita Albert Einstein e a colaboradores avançar nas pesquisas clínicas em busca da cura da doença.
A cloroquina existe há mais de 80 anos e foi desenvolvida como um medicamento antimalárico. Já a hidroxicloroquina existe desde 1955 e é semelhante à cloroquina, mas menos tóxica.