A Polícia Militar (PM) recolheu, até esta quarta-feira (8), 220 respiradores mecânicos em desuso de unidades hospitalares de Minas Gerais. Esses equipamentos serão reparados em Belo Horizonte e, posteriormente, utilizados no enfrentamento da pandemia de coronavírus. A ação foi ordenada pelo governador do Estado, Romeu Zema (Novo), na última semana.
De acordo com dados oficiais do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (Cnes), há 373 aparelhos inutilizados no Estado atualmente, mas as visitas da corporação aos estabelecimentos têm indicado que o número real pode ser maior. "Nós partimos de um mínimo de 373 e podemos chegar a um pouco mais, porque às vezes o registro fala que determinada unidade tem dois equipamentos fora de uso, mas, durante a visita da PM, a própria unidade repassa três, quatro, cinco aparelhos", afirma o subsecretário de Serviços Compartilhados da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), Rodrigo Matias.
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PM recolhe 220 respiradores em desuso que serão usados em BH durante pandemia; equipamentos serão reparados em Belo Horizonte e, posteriormente, utilizados no enfrentamento da pandemia de #coronavírus.
— O Tempo (@otempo) April 8, 2020
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Segundo a PM, cerca de 290 unidades hospitalares públicas e privadas já foram visitadas em várias cidades de Minas Gerais, como Montes Claros, no Norte de Minas, Uberlândia e Uberaba, no Triângulo Mineiro, e Juiz de Fora, na Zonada Mata, para recolhimento dos respiradores. A expectativa é visitar um total de 989 estabelecimentos até o fim da operação, que ainda não tem data para acabar.
"Nós pretendemos visitar todas as unidades hospitalares do Estado. O objetivo maior é salvar vidas, cada respirador desse vai ter um uso muito importante nesse momento de crise", diz o chefe do Estado-Maior da PM de Minas Gerais, coronel Marcelo Fernandes. A estimativa é que cada aparelho possa atender até dez pacientes de Covid-19. Ele tem a função de ajudar a pessoa a respirar quando o sistema respiratório tem dificuldades, como pode ocorrer em casos graves de infecção por coronavírus.
De acordo com o secretário-adjunto de Saúde de Minas Gerais, Marcelo Cabral, a prioridade é devolver os respiradores às unidades de origem, onde eles foram coletados. Esse trabalho também será feito pela PM. "A ideia é reestruturar a rede de saúde para que tenhamos condições de enfrentar a pandemia, tendo essas estruturas na ponta. Nós temos hoje o epicentro aqui (em Belo Horizonte), mas precisamos olhar o Estado como um todo", afirma Cabral. Segundo ele, existem 5.964 respiradores em uso em Minas, sendo 4.473 para atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS).
No entanto, em alguns casos, os aparelhos podem ser remanejados para locais com maior demanda durante a pandemia e, posteriormente, restituídos aos estabelecimentos de origem. "Se aquele estabelecimento de saúde que encaminhou o equipamento, por ventura, o tiver substituído e não possuir estrutura para um novo equipamento, o nosso pleito é que esse equipamento seja utilizado de acordo com os critérios da Secretaria de Saúde para atender a demanda em outro local", explica o subsecretário de Serviços Compartilhados da Seplag, Rodrigo Matias. Ele lembra também que, em alguns casos, os respiradores podem não ter conserto.
Os aparelhos coletados estão sendo consertados de forma voluntária, sem custos para o Estado, pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) em parceria com a Fiat Chrysler Automóveis (FCA) e a ArcelorMittal em dois pontos: no Centro de Inovação e Tecnologia (CIT) do Senai, em Belo Horizonte, e na fábrica da FCA, em Betim, na região metropolitana.
No CIT, 19 equipamentos já foram recebidos, sendo que três já tiveram a manutenção concluída, três estão em fase de calibração e 13, em processo de manutenção. Cerca de 22 profissionais estão envolvidos no trabalho, mas esse número pode aumentar conforme a demanda.
"A maior incidência de problemas é a falta de bateria, então uma simples troca resolve. Mas temos um protocolo de verificações complexo, fundamental para que, quando a gente colocar um equipamento desse de novo em operação, tenha segurança de que ele não vai ter um problema. A ideia é deixar o equipamento confiável e em perfeitas condições para salvar vidas", afirma o diretor regional do Sesi e Senai, Christiano Leal. Segundo ele, a meta é finalizar a manutenção de cada aparelho em, no máximo, sete dias depois da chegada ao CIT, mas esse prazo varia de acordo com a complexidade do problema.
O trabalho de conserto dos respiradores no Senai é uma iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e ocorre em todo o país.