Divinópolis

Prefeitura é acusada de fornecer álcool em gel vencido a funcionários

Coveiros teriam recebido produto fora do prazo de validade e equipamentos básicos como luvas e máscaras não estariam disponíveis para profissionais da saúde; Ministério Público foi acionado pelo Sindicato dos Trabalhadores

Por Daniel Ottoni
Publicado em 26 de março de 2020 | 11:46
 
 
 
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Depois do Sindicato dos Trabalhadores dos Municípios de Divinópolis e região (Sintram - Centro Oeste) fazer seguidos contatos com a prefeitura de Divinópolis e não obter retorno, a entidade resolveu procurar o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). O motivo seria a falta de equipamentos de proteção de trabalho (EPIS) no Serviço Municipal do Luto e na própria Secretaria de Saúde em meio à pandemia do coronavírus. 

Uma outra denúncia se refere ao fornecimento, por parte da prefeitura, de álcool gel vencido aos coveiros. Os funcionários estariam sem sabão para lavar as mãos e contam com material limitado como luvas e máscaras. Um dos colaboradores precisou levar sabonete de casa para ter um à disposição. A prefeitura informa que, possivelmente, aconteceu algum engano. "Devido a situação emergencial, os estoques da secretaria foram esvaziados e pode ter ido algum produto que não deveria. Já foi orientada a devolução do produto para descarte", informa o município. 

Na última terça-feira, o sindicato enviou ofício ao secretário municipal de saúde e coordenador do Comitê de enfrentamento da crise, Amarildo Sousa, ao procurador do município, Wendel Santos, e também para a secretária de administração, Raquel Oliveira Freitas e Cláudia Machado, representante da Secretaria Municipal de Obras Públicas (SEMOP), sobre a situação. Até esta quinta-feira, nenhuma retorno havia sido recebido. 

Segundo a presidente do sindicato Luciana Santos, faltou planejamento para a prefeitura. "O coronavírus não chegou de uma vez. Desde o ano passado, já se ventilava essa possibilidade do Brasil ser afetado. Sabemos da dificuldade de encontrar álcool em gel no mercado, mas faltou preparo, pensando especialmente neste pessoal de ponta, que realiza um serviço essencial. Precisamos dar segurança a eles, fornecer equipamentos básicos para eles realizarem suas funções", comenta. 

No contato feito com Jhonatan de Souza, coordenador do serviço do luto, o sindicato foi informado que uma licitação já havia sido feita para que o álcool em gel estivesse disponível, com prazo de entrega de uma semana. "Estamos no meio de uma pandemia e não podemo esperar sete dias. Os serviços não podem parar. Espero que esta situação seja resolvida o quanto antes, lamento muito a falta de cuidado e planejamento, porque estamos tratando de uma questão de urgência. O momento é de atenção especial não somente com os funcionários mas com toda a população", completa Luciana. 

Prefeitura se posiciona

Sobre a falta dos equipamentos de proteção, a prefeitura garante que já está tomando medidas. "Através de compras de produtos, que estão escassos, e doações de vários empresários, foram montados kits com materiais para a segurança dos coveiros e agentes funerários. Esses kits já foram entregues", completa a nota.  

O sindicato reclama, ainda, das aglomerações de pessoas para retirada de remédios em locais sem ventilação e não obedecendo a distância mínima entre os usuários. A prefeitura informa que busca medidas para diminuir o fluxo de pessoas por meio do aplicativo AppDivinópolis, que possibilita o agendamento de horário para buscar os remédios e diminuir as filas. A tendência é que a partir de 15 de abril, as pessoas não precisem mais comparecer a cada mês para ter acesso aos medicamentos. O fornecimento está previsto para acontecer a cada 60 dias e, posteriormente, a cada três meses. 

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