Coronavírus

Vereadores de BH voltam a defender reabertura do comércio e de igrejas

Reunião, entretanto, não contou com a participação de secretários da prefeitura

Por Lucas Henrique Gomes
Publicado em 22 de abril de 2020 | 15:43
 
 
 
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Vereadores de Belo Horizonte se reuniram nesta quarta-feira (22) e voltaram a defender a reabertura, com restrições, de comércios e templos religiosos na capital. O encontro, mais uma vez, não contou com secretários da Prefeitura de Belo Horizonte, que haviam sido convidados para participar de forma remota, repetindo o que aconteceu na última reunião em 13 de abril.

As atividades desses empreendimentos estão suspensas, por tempo indeterminado, desde o dia 20 de março, depois de um decreto publicado pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD).

No encontro desta quarta-feira participaram, além de Jair Di Gregório, autor do requerimento, os vereadores Carlos Henrique, Catatau, Elvis Côrtes, Fernando Borja, Gabriel Azevedo, Jorge Santos e Juliano Lopes. No início do encontro, Jair Di Gregório disse que os parlamentares pedem pela flexibilização com responsabilidade e afirmou que a cidade não pode ficar parada para a população não morrer de fome. Em seguida, Elvis Côrtes disse que sua opinião era “muito simples e objetiva” e que entendia ter chegado o momento de a flexibilização acontecer. O vereador, que é pastor na cidade, pediu também a reabertura, com cautela, das igrejas no município com a capacidade de público reduzida.

O mesmo pleito foi levantado por Jorge Santos, pastor da Igreja Universal: “Acatamos o decreto do prefeito até um determinado ponto, só que estamos vendo que esse decreto foi bom para um lado, mas por outro lado está prejudicando não só alguns comerciantes, mas toda a população”. Sobre as igrejas, Santos disse que, dos mais de 800 templos da Igreja Universal no Estado, quase 600 pagam aluguel. “Mas como vamos pagar se a igreja está fechada? Ficamos triste quando passamos na frente e está com a porta meia aberta ou fechada. Neste momento, as igrejas são importantes para permanecerem abertas, mas com uma porcentagem. São cultos de 30 em 30 minutos. Hoje, não só o pastor, mas o comerciante... ninguém sabe melhor administrar o comércio que o próprio dono”, ponderou.

Fernando Borja (Avante) criticou a forma como Alexandre Kalil tem administrado a pandemia na cidade e criticou o que chamou de “empurrar o pico” da doença. 

Juliano Lopes e Carlos Henrique, secretário geral da Câmara, defenderam a flexibilização dos comércios e pediram auxílio aos motoristas de ônibus suplementares do município, que tiveram de renovar a frota no último ano e estão com dificuldade de pagar as prestações. Juliano Lopes sugeriu, ainda, que a Câmara reveja o orçamento do Executivo aprovado neste ano a fim de remanejar recursos de obras para isenção a comerciantes. “Não é empurrar pra frente a dívida. Ajudar o comerciante é dar isenção de IPTU para todos da cidade. De onde tirar esse dinheiro? Do que está direcionado para obras. Lógico que com aval do prefeito, mas podemos fazer isso. Não adianta empurrar pra frente uma dívida, sendo que agora eles não estão trabalhando. Quando abrir, (que seja) com responsabilidade e (que possamos) dar fôlego para todos os comerciantes”, afirmou. 

Como sugestão, Catatau propôs que os restaurantes possam abrir das 11h às 15h para servir almoço e os bares da cidade funcionem das 17h às 23h. Gabriel Azevedo disse esperar pela reabertura das atividades comerciais da cidade, mas ponderou que isso não poderia ser feito do dia para a noite. Único parlamentar a participar de forma remota do encontro, Azevedo apontou, entretanto, que esse aval deve ser dado por médicos, pela ciência e pelos números. Ele ponderou que um dos “erros comuns” é achar que a crise está resolvida, abrir a cidade e depois ter que fechar tudo de novo, como ocorreu em Milão, na Itália. 

Por fim, Jair Di Gregório ressaltou que os parlamentares não pediam o fim do isolamento, mas sim uma flexibilização responsável e gradual do comércio para que a população não passasse fome.

Críticas

A ausência de representantes do Executivo fez com que o vereador Jair Di Gregório criticasse o líder de governo, Léo Burguês, acusando-o de esvaziar a reunião. O autor do encontro também pediu que Alexandre Kalil trocasse o seu líder por “alguns vereadores não o reconhecerem mais” nessa função. 

Mesmo sem os secretários da PBH, os parlamentares presentes fizeram as perguntas que estavam previstas aos responsáveis por diversas pastas do Executivo e disseram aguardar respostas das respectivas assessorias. Em contato com a reportagem, Léo Burguês rechaçou as acusações feitas e disse não ser o responsável por decidir quem vai e quem não vai às reuniões. “Sobre a troca do líder, quem decide é o prefeito”, concluiu.

Resposta

Questionada sobre o encontro, a Prefeitura de Belo Horizonte disse que não comenta reuniões do Legislativo. Já sobre a possibilidade de reabrir o comércio, a assessoria disse que a declaração dada por Kalil na última segunda-feira (20) prevalece. Na ocasião, em entrevista coletiva, o prefeito disse que ainda não há data para flexibilizar as medidas de isolamento adotadas na capital mineira por causa da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). 

“Não temos ainda a data de saída dessa pandemia, da flexibilização. Não temos porque a mesma técnica, a mesma ciência que aqui prevalece de entrada será usada para saída dessa pandemia, e isso não é feito de qualquer maneira, isso é feito com responsabilidade, com matemática, com propriedade e estatística e, principalmente, consciência”, afirmou.

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