SERTÃO NORDESTINO. Quando anunciou as obras de transposição do rio São Francisco, ainda no ano de 2007, o governo federal previa um gasto de R$ 4,7 bilhões para concluir o projeto em 2011. Hoje, as planilhas do Ministério da Integração Nacional indicam um gasto total de R$ 8,2 bilhões – ou seja, um acréscimo de 80% no valor previsto quando o projeto foi lançado, e que só deverá ser concluído em dezembro de 2015, se não houver mais atrasos.
Longe dos gravadores, representantes de construtoras e de prefeituras das cidades sertanejas contempladas afirmam, sem meias-palavras, que um dos grandes erros é que o governo federal começou a transposição com um pré-projeto feito em 2001, ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso. Sem um detalhamento maior sobre o solo e sobre as condições gerais de relevo e vegetação do sertão, o orçamento ficou completamente fora da realidade, o que fez algumas construtoras abandonarem os trabalhos. Como consequência, foi preciso fazer novas licitações, o que implicou perda de tempo e aumento de custos totais da obra.
“O (ex-presidente) Lula queria porque queria fazer essa obra aqui. O problema é que não havia um projeto mais aprofundado e recente da transposição. As construtoras começaram a tocar esse trabalho no peito e sem o conhecimento adequado da região. O solo aqui é uma coisa engraçada. Há locais muito arenosos. Muitas vezes, ao lado, é areia pura, terra fofa. Se soubessem disso, a preparação poderia ter sido completamente diferente”, opina um técnico de uma das prefeituras ouvidas por, que preferiu o anonimato O TEMPO, segundo ele porque o prefeito é de partido aliado do governo federal.
FORÇA MILITAR. O Exército também foi convocado para tocar uma parte do trabalho, nos eixos Leste e Norte da transposição. A reportagem visitou alguns canteiros e também ouviu muitas reclamações. No sertão pernambucano, um sargento que coordena parte dos trabalhos reclamou de falta de dinheiro. “Nossos homens estão prontos, mas ainda estamos aguardando os recursos chegarem”, disse o militar, que também pediu para não ser identificado. (RF)