Abordar o amor e suas angústias não é nenhuma novidade. Trata-se de algo que foi visto inúmeras vezes em filmes, livros, discos, peças de teatro. Ainda assim, a dupla Priscila Fantin e Bruno Lopes acredita que é preciso procurar novas formas de falar sobre o tema e, assim, chega a Belo Horizonte para uma única apresentação do espetáculo “É Preciso Falar de Amor sem Dizer Eu Te Amo”, no Teatro Alterosa, no domingo. “Buscamos abordar o amor através do espelhamento, da projeção, das inseguranças e diferenças”, revela a atriz Priscila Fantin.
Falar de amor sem dizer a icônica frase, que busca definir a relação entre duas pessoas, é algo que sempre gera curiosidade do público. Afinal, como isso é possível? “O amor é olhar nos olhos, estender a mão, dar bom-dia realmente desejando que a pessoa tenha um bom dia. É ter consideração pelo universo interno do outro, que tem sua própria batalha, medos e inseguranças a vencer. É saber que as palavras voam com o vento e as atitudes deixam marcas”, arrisca Priscila.
Na peça, o personagem Bento (Bruno Lopes) divide seu tempo entre a criação de sua filha de 5 anos e a tentativa de uma carreira na internet. Após anos sozinho colecionando desilusões amorosas, entra num aplicativo de encontros para viúvos e lá conhece a peculiar Pilar (Priscila Fantin), uma guarda de trânsito decidida a recomeçar a vida após um período de isolamento social. De personalidades completamente opostas, os dois sentem uma inesperada ligação que os une e que pode provocar mudanças significativas em suas vidas.
A reação da plateia, segundo os atores, é sempre acolhedora e positiva porque os dois personagens da peça são tão diferentes e remetem ao nervosismo e curiosidade dos primeiros encontros, especialmente considerando os tempos que vivemos hoje, com vários aplicativos de paquera virtual. “O público se diverte porque são duas pessoas excêntricas. E também porque a situação é um tanto comum hoje em dia: como vai ser o primeiro encontro?”, indaga Priscila.
“A reação das pessoas é o que nos enriquece. Ver o público se divertindo, chorando, pensando, questionando é a nossa função. E ver os olhos de quem nunca foi ao teatro, encantados com o que está acontecendo no palco, não dá para descrever. Foi o que aconteceu com um senhor de 94 anos, de um lar de idosos”, completa.
Voluntário. Priscila e Bruno foram convidados pelo Instituto Hakumana – que cuida de crianças com Aids, em Maputo, Moçambique – para fazer uma apresentação que pudesse render alguma renda para o instituto. “Procurando um texto para montar, chegamos ao Wagner d’Ávila, que tinha este argumento e escreveu a peça pra gente. Gostamos tanto que resolvemos montá-la”, recorda Priscila. “O título já existia, e achamos que tinha tudo a ver com a proposta que nos fora feita: doar nossa arte. Isso também é amor. Fomos falar de amor em forma de atitude”, filosofa a atriz.
Seguindo a inspiração que deu origem a “Precisamos Falar de Amor sem Dizer Eu Te Amo”, o trabalho é oferecido, em uma sessão gratuita, para ONGs e instituições, em cada cidade por onde passa. Além disso, os atores Bruno Lopes e Priscila Fantin farão visitas às instituições convidadas, acompanhando a doação de kits de higiene e de alimentação, instalação de filtros para água potável e atendimento médico.
Serviço. “É Preciso Falar de Amor sem Dizer Eu Te Amo”, domingo, às 21h, no Teatro Alterosa (avenida Assis Chateaubriand, 499, Floresta). Ingressos: R$ 50 (inteira)