No atual contexto brasileiro, é possível observar duas realidades: de um lado, instaura-se uma crise da democracia representativa e, de outro, há uma revolução dos aparatos tecnológicos. Nessa ambientação, a tecnologia exerce dois papéis primordiais: tanto funciona como alternativa para melhorar a própria democracia por meio de suas múltiplas plataformas como também representa uma ameaça ao regime democrático, uma vez que a operacionalização de grandes corporações tecnológicas se dá sem, necessariamente, respeitar a soberania do Estado.
Essa é a avaliação feita pelo ativista cultural Alê Youssef no livro “Novo Poder: Democracia e Tecnologia”, da editora Letramento, que será lançado amanhã, no Barracão do Queixinho (rua Conquista, 254, Carlos Prates), a partir das 20h. A apresentação da obra acontecerá dentro de uma roda de conversa com entrada gratuita promovida pelo bloco Unidos do Samba Queixinho, em que serão discutidos os diversos modelos de Carnaval.
Conhecido por seus projetos culturais de veia social, como o Studio SP, Youssef escreveu o livro a partir dos desdobramentos de sua dissertação “A Crise da Democracia Representativa e as Inovações Tecnológicas”. “Fiz uma introdução palatável. Excluí algumas formalidades de dissertação e optei por deixar alguns autores muito relevantes. Mas o livro segue certo padrão de dissertação acadêmica, como análises de outros autores nos primeiros capítulos, algo característico de dissertação. Depois é que entram minhas reflexões. O cerne do livro é a reflexão sobre democracia e tecnologia”, argumenta.
Novo poder. A essas duas realidades o autor dá o nome de “novo poder”, presente logo no título do livro. “O novo poder está sendo construído a partir da reflexão dessas duas realidades, em que a tecnologia é um pêndulo de alternativa e ameaça à democracia. Existem variações muito importantes nos ambientes de governança e ativismo. Há ainda uma questão quase distópica de que existem outros ambientes ainda não qualificados na democracia”, observa Youssef.
Em um ano de disputa política no nível nacional, a obra de Youssef pode ser utilizada como fonte de estudos para compreender as relações entre candidatos e eleitorado, especialmente no ambiente digital. “O WhatsApp é um espaço tecnológico que permite importante batalha de informações disseminadas. É preciso compreender como ele é uma ameaça por causa das fake news, e o livro chama a atenção para isso”, afirma.
Festa momesca entra em pauta
À frente do Bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, em São Paulo, Alê Youssef também participará da roda de conversa, liderada pelo Unidos do Samba Queixinho, para discutir as bandeiras e as lutas do Carnaval de rua de Belo Horizonte. “O Carnaval exerce função primordial na estrutura da sociedade brasileira. Ele tem uma contribuição que enfatiza a relação direta com a vida da cidade, ajudando-a a ser mais urbana e colorida”, comenta.
Além de Youssef, também participam do bate-papo o Secretário de Cultura de Belo Horizonte, Juca Ferreira, e o presidente da Belotur, Aluizer Malab, além de outros nomes que pensam o Carnaval na cidade, como a fundadora do bloco Angola Janga, Nayara Garófalo, o idealizador do bloco Mamá na Vaca, Guto Borges, e um dos organizadores da Praia da Estação, Rafa Barros.
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Alê Youssef lança livro em evento que discutirá as lutas do Carnaval belo-horizontino
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