A imaginação é um recurso de tal monta admirável que inspirou nomes como Mario Quintana e Albert Einstein a cravar frases lapidares sobre ela. E foi justamente essa instigante capacidade que inspirou a temática da 23ª Mostra de Cinema de Tiradentes: “A Imaginação como Potência”. Desta sexta-feira ao dia 1º de fevereiro, o evento volta a ocupar a cidade histórica da região Campo das Vertentes para mostrar a força da sétima arte feita no Brasil, com estreias nacionais, exibição de clássicos, presença de artistas icônicos e muitas, muitas discussões.
Se o cinema ocupa o protagonismo, haverá espaço para muitas outras vertentes artísticas, como saraus, exposições e lançamentos de livros.
Sim, a quantidade de destaques chama a atenção em tempos não tão afáveis à cultura. Mas a coordenadora geral da mostra, Raquel Hallak, explica: “O Festival de Tiradentes é um evento muito complexo no que tange à logística – afinal, a cidade tem apenas 7.000 habitantes. Assim, qualquer ‘tamanho’ de programação exigiria um quebra-cabeças. Por isso, preferimos manter (o volume de atrações), e, agora, é tentar não operar no vermelho, já que não há geração de receita, pelo fato de a programação ser gratuita. Uma parte do evento é feita mesmo na cara e na coragem”, diz ela, festejando o fato de, além do governo estadual, ter arrebanhado novo apoio, o da cerveja Petra, junto ao Itaú e CBMM.
Um recorte de oito filmes foi incorporado dentro de um eixo que se alinha à temática da mostra, mas, mesmo que não abordem diretamente o viés, os demais títulos – 113 filmes, sendo 31 longas, um média e 81 curtas – convergem para a ratificação da efervescência da produção tupiniquim.
“A ideia do festival é fazer um evento que seja propositivo, então pensamos muito em como essa edição poderia ser um instrumento de esperança para a construção de um futuro melhor. Enfatizar o cinema enquanto arte, discutindo a sua potência. Num cenário incerto, pensar como a sétima arte pode propor um mundo melhor e reforçar o poder que ela tem, poder até de reinventar mesmo (a realidade). Temos filmes que já estão fazendo isso, mas também vamos levar essas questões aos debates”, explana Raquel.
Nesta edição, os homenageados são os atores Antônio Pitanga e Camila Pitanga. Pai e filha estarão na noite desta sexta-feira, 24, a partir das 21h, no Cine-Tenda, para abertura do evento, quando acontecerá a apresentação da temática e uma performance audiovisual (com direção de Grazi Medrado e Chico de Paula e execução de trilha sonora ao vivo, a cargo de Barulhista). Em seguida, será exibido, em pré-estreia mundial, o longa “Os Escravos de Jó”, do cearense Rosemberg Cariry, com Antônio Pitanga no elenco. A noite de abertura termina com a apresentação, no Sesc Cine Lounge, de “Cinegrafia: A Pantera Cor de Rosa”, na qual os artistas Lise e Barulhista executam uma trilha sonora ao vivo para o clássico desenho. Além dos dois espaços citados, a mostra se espraia por outros dois “principais”: Cine Copasa na Praça e Centro Cultural Sesiminas Yves Alves.
No curso da programação, haverá destaques a mancheias – como a estreia nacional do novo filme de Helvécio Ratton, “O Lodo”, baseado em conto de Murilo Rubião, com atores do Grupo Galpão no elenco. Aliás, a trupe estará lá para apresentar no sábado, à 0h30, no Sesc Cine Lounge, “De Tempo Somos – Um Sarau do Grupo Galpão”. Atrizes queridas do público cinéfilo (e noveleiro) também marcarão presença, como Léa Garcia e Marcélia Cartaxo. E ainda terá Bárbara Paz, no dia 1º de fevereiro, falando sobre o documentário “Babenco – Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou”, sobre Hector Babenco, premiado no Festival de Veneza. (Programação completa no site mostratiradentes.com.br).