Lançamento

'A Viagem de Nini' traz as aventuras de uma menina rumo a outro continente

A obra marca a estreia da jornalista Fábia Prates na literatura infantojuvenil, e será apresentada em live neste sábado

Por Patrícia Cassese
Publicado em 09 de outubro de 2021 | 06:39
 
 
 
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No fim de 2002, a jornalista Fábia Prates, então morando em Brasília, estava, junto a um  grupo de amigas (também mineiras), combinando onde passar o réveillon. O martelo foi batido por um um sítio que Fábia já tinha o hábito de alugar para passar fins de semana, localizado na cidade de Cavalcante, na Chapada dos Veadeiros. Foi quando uma das integrantes do grupo - que, por estar à época estudando fotografia e procurando um tema para um ensaio  de fim de curso - sugirou incluir uma visita à comunidade quilombola Kalunga, que fica nas proximidades. "Ela conheceu uma pessoa da comunidade, o Jovino, que topou ser o nosso guia, providenciando a infraestrutura da viagem: três burros, que seriam nosso meio de transporte, já que carros só vão até a entrada da comunidade; e redes para dormir".

A viagem, realizada nos primeiros dias de janeiro, coincidiu com o período da Folia de Reis, e, como nem poderia ser diferente, impactou sobremaneira a mineira, plantando uma sementinha que rende agora mais um fruto: o livro "A Viagem de Nini", chancelado pela Páginas Editoras, com cativantes ilustrações de Mariana Tavares. O lançamento acontece neste final de semana, em dois momentos: neste sabado, em uma live, no Instagram da Páginas Editoras, e no domingo, presencialmente, na programação da FLIR.

A narrativa centra-se em uma garota que vive uma infância tão simples quanto mágica, ao lado dos seus, em meio à Chapada. Feliz, com sua irmã, numa casa de adobe. Um evento, porém, a leva a cruzar o oceano, quando se depara, num sentido mais amplo, com a sua ancestralidade, numa miríade de descobertas que vão mudar a sua vida.  

Fábia conta que escreveu a história - quando retornou a Brasília, no começo de 2003 - como uma forma de processar a viagem e a experiência. "Nini saiu com muita facilidade. Numa das últimas casas por onde passamos, havia um grupo de irmãos que estava sozinho, porque os pais tinham ido à cidade para uma questão de saúde. Crianças muito doces e  muito tímidas. Eu fiquei muito tocada com uma menina que se escondia da câmera fotográfica. Ela foi uma inspiração para Nini".

O texto ficou engavetado muitos anos, mas a autora sempre acalentou o desejo de submeter o texto a um olhar profissional, "para saber se era publicável". Estimulada pela editora Leida Reis, da Páginas, veio a decisão de enfim lançar. "A própria Leida indicou a Mariana Tavares para ilustrar. Eu não a conhecia, mas, na primeira reunião que tivemos para falar do livro, ela me disse que a leitura a fez lembrar de um lugar que  visitou numa viagem de turismo. E era os Kalungas", conta Fábia, que, claro, impressionou-se com a coincidência. "Ela não foi aos mesmos lugares que eu fui, mas chegou a uma das entradas, a mesma por onde cheguei. Esse ponto de chegada aos Kalungas é bem conhecido porque tem a famosa cachoeira Santa Bárbara. Foi uma feliz coincidência com a Mariana, as duas terem a fonte de inspiração para o livro na memória afetiva. Ela fez um trabalho muito sensível e lindo. Fiquei bem feliz com o resultado".

Fábia ressalta que sempre gostou da interação com crianças - à época da escrita dessa história, aliás, seus sobrinhos eram pequenos - nasceram em 2000 e 2001 -; e costumava escrever textos a partir das brincadeiras e conversas estabelecidas com eles. "O universo infantil me encanta e emociona. Acho que Nini, como outros textos que tenho, nasceram um pouco desse encantamento e da alegria que tenho com essas interações. Quando escrevo, não penso muito na faixa etária. Gosto da ideia de que pode ser para todas as idades".  Aliás, em um curso virtual sobre literatura infanto-juvenil que fez com Heloísa Pietro, autora de livros voltados a esse público, veio um apontamento que ficou gravado na cabeça da jornalista. "Ela disse que antes de chegar à criança, é preciso encantar o adulto. O professor, o pai, a mãe. Então, o livro seria para todos os públicos. Gostei muito disso".

Para Fábia, o fato de a história ter como protagonista uma menina que se desloca subitamente para um continente ainda tão pouco estudado nas escolas parte de um entendimento de que conhecer a história ajuda a nos localizarmos melhor no mundo, a entender a diversidade brasileira e a saber como se dão as relações de poder. "E é fundamental saber a contribuição da mãe África para a cultura brasileira. Acho que conhecer isso o quanto antes, melhor, para ampliar as percepções e entendimento do mundo e sua diversidade étnica e cultural". 

Em tempo: a autora conta que já cogita duas outras histórias para uma possível publicação: "O sumiço ou as aventuras de dona Gatinha" e "O menino cantor". "A ideia é publicá-los, criar disciplina e buscar inspiração para muitas outras histórias". Vem coisa boa por aí.

"A Viagem de Nini"
Live de lançamento neste sábado, às 16h, no Instagram da Páginas Editora
Lançamento presencial no domingo, às 10h, na programação do Festival de Livro de Rua, na Livraria Páginas, em conversa com Álvaro Gentil 

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