Artes cênicas

A vida de São Francisco de Assis no palco, por um outro prisma

Paulo Goulart estrela monólogo baseado no último texto do dramaturgo Dario Fo

Por Patrícia Cassese
Publicado em 27 de novembro de 2019 | 03:00
 
 
 
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Mesmo não sendo uma peça de longa duração, Paulo Goulart Filho confessa, de bom humor, que termina cada apresentação de “Francesco” exaurido. É que, no monólogo que estreia na capital mineira nesta quinta-feira, no Teatro 2 do CCBB BH, ele interpreta nada menos que 25 personagens, sendo o principal deles, São Francisco de Assis, em torno do qual gira a trama. Mas, que fique claro, o Francisco que aparece em cena não foi inspirado na biografia criada pela igreja, mas no último texto deixado pelo dramaturgo italiano Dario Fo, falecido há três anos.
 
A iniciativa de montar a peça no Brasil partiu de Neyde Veneziano, pesquisadora da obra do Nobel de Literatura 1997, ao qual chegou a conhecer, durante o período em que viveu na Itália, onde fez seu pós-doutorado. “Nunca havia trabalhado na proposta cênica de Dario Fo, então, foi um mergulho”, conta Goulart Filho, destacando que a forma de atuação proposta pelo italiano é mais popular, dialogando com o teatro de rua. “Tanto que essa montagem não tem grandes cenários”, explica. “Não é uma biografia, mas se baseia em casos contados pelo povo, nas aldeias em que Francisco ia, pregando com sua linguagem popular, como num jogral. Evidentemente, o texto não deixa de lado a essência de São Francisco, ou seja, a da pessoa que pregava o amor, a caridade. Mas é preciso frisar que a peça não tem cunho religioso ou panfletário”, destaca Goulart.
 
Filho de Nicette Bruno e do saudoso Paulo Goulart, o ator lembra que sua filosofia é o espiritismo, mas que admira os valores enfatizados pelo frade que também se tornou conhecido como o protetor dos animais. “Estamos aqui de passagem, e entendo que quanto mais pensarmos no outro e exercitarmos o desapego, mais estaremos evoluídos”. Instado a falar sobre uma passagem da peça que destacaria, cita a conversa com o lobo, dito um predador, na qual o animal faz o santo refletir sobre as atrocidades que o homem, esse sim, comete com os animais. 
 
O quê. "Francesco”
Quando. De amanhã a 23 de dezembro, quinta a segunda, 19h.
Onde. Teatro 2 do CCBB BH (pça. da Liberdade, 450)
Quanto. R$ 30 e R$ 15 (meia), na bilheteria ou no site Eventim

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