As Ablusadas, primeira banda brasileira autoral de blues formada só por mulheres, aproveitaram que agosto é um mês especial - o Dia Internacional do Blues é comemorado no primeiro sábado de agosto em todo o mundo - e lançaram “Eu Quero É Blues”, primeiro disco do grupo mineiro. As 10 faixas do álbum serão interpretadas ao vivo pela primeira vez em BH neste sábado, às 20h, no Chopperhead Garage (rua Cássia, 26 - Prado).
Antes de o disco aterrissar nas plataformas digitais há duas semanas, a banda mineira já havia lançado os singles “Eu Quero é Blues” e “Tão Longe”. A estreia fonográfica das Ablusadas, que surgem na cena musical de Minas em 2018, faz um passeio pela musicalidade do blues com humor e elegância, mantendo um diálogo com o que é contemporâneo.
Os arranjos valorizam o protagonismo de cada uma das oito integrantes da banda, formada por Roberta Magalhães (vocalista), Débora Coimbra (vocalista e contrabaixista), Thaís Mussolini (pianista), Mariane Guimarães (trombonista), Julliete Nurimba (saxofonista alto), Cláudia Sampaio (saxofonista tenor), Bê Moura (baterista) e a nova integrante, Taskia Ferraz (guitarrista).
“Eu Quero É Blues” foi gravado durante o ano passado. Guitarras slide, pianos, naipe de metais, rock, boogie-woogie, swing jazz, elementos musicais afro-americanos e um estética vintage, porém moderna, fazem do disco uma boa novidade na paisagem autoral mineira. As composições do disco são assinadas por Roberta Magalhães e Débora Coimbra.
As letras - todas em português, um dos diferenciais do grupo, segundo Roberta - falam de dor, de representatividade, da vida de artista e de questões sociais e políticas de um Brasil “que vê crianças fazendo arminha com a mão”, como cantam em “Voltar a Mi País”.
“Sinto Saudade Sim”, outra que apareceu como single, fala de pandemia e adverte que a ignorância é um veneno. A ótima e melancólica “Insolidão” avisa que “dias tristes fazem blues”. “É só mais um blues que fala de dor/ Mas hoje essa dor é a minha/ Veio dos demônios que eu crio sozinha/ E abandono, às vezes”, diz a letra da canção.
“Esse disco significa muito para todas nós. É uma sementinha de um olhar feminino. Sabemos que os palcos de blues são espaços majoritariamente masculinos. Também usamos nossa música também para falar da realidade à nossa volta, criticar os atuais governos”, pontua a vocalista Roberta, idealizadora da banda. “O nosso blues também é mais inclusivo. Tem crianças nos shows, nos clipes, o que também faz parte da realidade de uma mulher. E algumas integrantes são mães e isso também nos representa”, ela acrescenta.
Três músicas de “Eu Quero É Blues” ganharam videoclipes: “Sinto Saudade Sim”, “Tão Longe” e a faixa-título. “Produzimos tudo durante a pandemia, sem grandes investimentos, mas com muito amor e dedicação. Em dois clipes as crianças participam, pois onde tem uma mãe cabem seus filhos também. Escolhemos evidenciar isso”, sublinha a compositora.
No clipe da canção que dá nome do álbum, as meninas convidaram homens do blues mineiro para participarem das gravações. “A gente não quer tomar o lugar de ninguém, queremos fazer parte e ser respeitadas”, ela diz.
Nos quatro anos em que se dedicaram a fazer blues autoral em português, as Ablusadas tocaram em festivais nacionais e internacionais, e realizaram turnês na Argentina, em 2018, e no Equador, no ano seguinte. Neste segundo semestre, as oito musicistas pretendem continuar com os shows de divulgação de “Eu Quero É Blues”, mas já miram projetos no Brasil e em países vizinhos da nossa América Latina. “Principalmente aqueles que valorizam o blues nacional e dão protagonismo às mulheres”, finaliza Roberta Magalhães.