A morte de Beth Carvalho deixou um tom de lamento e tristeza no samba. Ao mesmo tempo, foram muitas as homenagens e o justo reconhecimento de uma personagem que se confundiu com a história da música brasileira nos últimos 50 anos. A cantora mineira Aline Calixto ficou extremamente abalada com a notícia. “Muito difícil expressar meus sentimentos nesse momento. Eu perdi uma mãe, amiga, conselheira, madrinha. São tantas vivências, tantas lembranças. A gente perdeu uma referência. O título de madrinha foi dado a Beth porque, de fato, ela foi e sempre será nossa estrela-guia. Ela parte, mas o seu legado é imensurável e eterno”, afirmou a sambista.

Beth Carvalho participou da gravação do DVD de Aline, em julho do ano passado, “onde pude externalizar um pouco para o público o que é a minha história de amor e admiração pela Beth”.

Tamanha é a importância da sambista que o compositor e cantor carioca Moacyr Luz diz que começou sua carreira por influência de Beth Carvalho. “A primeira vez que fui ao Cacique de Ramos foi com ela, fui à Mangueira com ela. Minha primeira música de sucesso gravada, ‘Saudades da Guanabara’, foi ela quem inventou, porque tinha uma outra letra e ela sugeriu que eu trocasse tudo. Beth garimpava todos esses compositores que precisam de luz e oferecia a voz dela para que isso acontecesse”, disse.

Uma das referências do samba belo-horizontino, logo ao atender o telefone, Fabinho do Terreiro enalteceu a história que Beth Carvalho construiu durante cinco décadas. Ele fez questão de lembrar que a carioca transitou entre dois grupos históricos do samba brasileiro em dois momentos diferentes: “Ela é patrona das safras de Nelson Cavaquinho, Cartola, Nelson Sargento, e da outra turma que veio com Arlindo Cruz, Jorge Aragão, Luiz Carlos da Vila, e outros. Todos eles tinham um respeito enorme por ela”, exaltou.

Toninho Geraes conheceu Beth Carvalho no início dos anos 80, na quadra do Cacique de Ramos, no Rio de Janeiro. É do belo-horizontino “Se a Fila Andar”, música que a carioca gravou em seu DVD, de 2014. “Beth foi madrinha para alguns, e voz para muitos. Sambista, militante e guerreira. Você já está fazendo falta”, afirmou.

Carinho. No início da noite de desta terça-feira, personalidades da música brasileira usaram as redes sociais para lamentar a perda da madrinha do samba e homenageá-la. “Afilhado” da cantora, Zeca Pagodinho disse que “o Brasil perdeu uma das mais importantes artistas do país”. “Nossos sentimentos para toda a família dessa guerreira que nunca sairá de nossos corações”, escreveu o sambista.

Caetano Veloso relembrou de quando conheceu Beth e exaltou sua importância para a música. “Eu a conheci logo que cheguei ao Rio com Bethânia. Ela muito menina, cantando bossa nova, depois se tornou a madrinha do renascimento do samba de raiz do Rio de Janeiro. É uma das maiores expressões da nossa cultura”.

Já Marisa Monte exaltou o caráter da artista: “Em meio a tantos bambas e num mundo tão masculino como o do samba, Beth Carvalho sempre abriu caminhos para as mulheres”, disse.