Show

As várias pontas da estrela Gal Costa

Cantora baiana faz apresentação única em Belo Horizonte, com ingressos já esgotados, e celebra a volta aos palcos e os novos projetos

Por Patrícia Cassese
Publicado em 04 de dezembro de 2021 | 03:00
 
 
normal

O calibre da artista, somado ao afã de voltar aos eventos presenciais, resultou numa péssima notícia para os fãs de Gal Costa que não correram para garantir o bilhete para assistir a “As Várias Pontas de uma Estrela”, que ela apresenta neste domingo (5) na capital mineira: é que a capacidade de lotação do Grande Teatro Cemig Palácio das Artes, o palco que recebe o espetáculo dirigido por Marcos Preto, foi rapidamente preenchida. Agora, é torcer para que ela volte a dar o ar da graça (e, não, o uso dessa palavra não foi um trocadilho com o nome de batismo da artista) por aqui, já que, se as ameaças de variantes do novo coronavírus se revelarem controláveis, a cantora promete estender a turnê “As Várias Pontas...” por todo o ano de 2022. O nome do show, claro, replica o título da composição de Milton Nascimento feita em parceria com Caetano Veloso, faixa do disco “Anima”, de 1982.  

De acordo com o material enviado pela produção à imprensa, porém, o espetáculo, não contempla a música que o batiza, e sim composições já interpretadas por ela, como “Paula e Bebeto” (outra parceria de Bituca com Caetano, de 1975). Não é um show composto exclusivamente por músicas de Milton, mas o repertório salienta a admiração da intérprete pelo “mineiro” (digamos assim) de Três Pontas. “Costumo dizer que esse é um show sobre ‘a voz’, já que estamos falando de Milton, que tem uma voz deslumbrante, e também estamos falando da minha”, explica ela ao Magazine

Para Gal Costa, Bituca é nada menos que “um gênio”. “A obra dele me emociona demais, desde a primeira vez que eu ouvi, ainda no tempo dos festivais, nos anos 60. Ele sempre foi o maior cantor de suas próprias canções, mas compôs músicas lindas para eu gravar. Também regravei coisas dele no decorrer da minha carreira – e certamente vou continuar mergulhando nesse repertório lindíssimo”, promete. Entre as outras músicas do alvo de sua admiração nas quais ela colocou a sua voz estão “Um Gosto de Sol” e “Fé Cega, Faca Amolada” (ambas da parceria entre Milton e Ronaldo Bastos) e “Cadê” (Milton e Ruy Guerra). Já com o nome de Fernando Brant também nos créditos, ao lado do de Bituca, “Ponta de Areia”, “Canção da América”, “Solar”, “Quem Perguntou por Mim” e “Me Faz Bem”. 

Ainda sobre o setlist, Gal acrescenta: “Mais para o fim do show, quando surgem os hits que eu gravei nos anos 80, essa voz individual se torna ‘a voz do Brasil’, com o público que sempre canta comigo”. São músicas como “Estrada do Sol” (Tom Jobim e Dolores Duran), “Nua Ideia” (João Donato e Caetano Veloso), “Lua de Mel” (Lulu Santos), “Último Blues” (Chico Buarque) e “A História de Lily Braun” (Edu Lobo e Chico Buarque). No processo de pré-produção, havia muita coisa pensada para compor o setlist. “Mas acho que escolhemos, eu e Marcus Preto, um bom repertório”, entende. 

O show “As Várias Pontas de uma Estrela” estreou no Rio de Janeiro no dia 12 de novembro, quando Gal Costa adentrou o palco do Vivo Rio junto a uma formada por Fábio Sá (baixo elétrico e acústico), André Lima (teclados) e Victor Cabral (bateria e percussão). Questionada sobre a sensação de voltar a encontrar o público e sentir o calor da plateia, ela nem titubeia. “Tem sido muito maravilhoso. É incomparável estar na presença do público, com a energia das pessoas, ouvindo elas cantarem comigo. O palco me traz serenidade, me dá energia também. Eu estava com saudades”.  

Outro desafio feito pela reportagem foi tentar perscrutar algum momento especial que ela porventura tenha vivenciado em suas passagens pela capital mineira. A resposta: “Uns anos atrás, cantei em Belo Horizonte no dia do meu aniversário. Foi muito gostoso. Saí para almoçar durante o dia, à noite ganhei ‘parabéns’ da plateia”. E complementa: “Eu sempre gostei muito de cantar em Minas, é um público muito caloroso”. 

Aos 76 anos, Gal Costa passou a primeira fase da pandemia mais reclusa em casa, junto ao filho, hoje com 16 anos. Profissionalmente, foi lançando singles que, em fevereiro deste ano, foram reunidos no disco “Nenhuma Dor”, com bela capa (assinada pelo artista plástico Omar Salomão) e que contempla duetos com os brasileiros Rodrigo Amarante, Seu Jorge, Silva, Criolo, Rubel, Tim Bernardes, Zé Ibarra e Zeca Veloso (filho de Caetano), assim como com o cantor português António Zambujo e o uruguaio Jorge Drexler.  

Sobre a pandemia, ao ser questionada sobre o que essa experiência tão difícil já lhe revelou acerca da humanidade, ela aponta uma mudança de pensamento vivenciada por muitas pessoas. “Um cuidado com o outro, um pensamento no todo. É importante também ouvir a ciência. Mas, infelizmente, não toda a humanidade. A gente viu muita aglomeração, gente sem máscara, desacreditando do poder da vacina. Nem todo mundo se preocupou. Mas tenho muita fé e muita esperança. A gente não pode desistir”. 

Trajetória vai virar filme 

Outro projeto que envolve o nome de Gal Costa é a sua cinebiografia. Em “Meu Nome É Gal”, a ser dirigido por Dandara Ferreira, que escreveu e dirigiu a série documental “O Nome Dela É Gal”, e Lô Politi (“Alvorada”). O papel principal foi delegado a Sophie Charlotte. “Gostei muito, fiquei lisonjeada. Já tive alguns encontros com a Sophie e com seu marido (o ator Daniel Oliveira). Ela é uma querida. Conversamos bastante”, relata. Outro nome já definido para o elenco é o do ator baiano Rodrigo Lelis, que interpretará Caetano Veloso. O início das filmagens está previsto para janeiro, com produção da Paris Entretenimento e da Dramática Filmes. Em agosto, Sophie Charlotte esteve no programa “Altas Horas”, quando contou a Serginho que já estava no processo de preparação para o papel – e muito, muito feliz. “É muito emocionante e um grande desafio. Estou estudando pra caramba para conseguir viver essa aventura. Mas com prazer, porque é uma grande oportunidade na minha vida, um sonho se realizando depois de muitos anos”, disse ela, adicionando, divertidamente, que o marido – que já interpretou uma lenda da música, Cazuza, no cinema – será seu coach.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!