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Bob Dylan lança música e anuncia álbum de inéditas para junho; ouça

“False Prophet chegou às plataformas digitais nesta sexta-feira (8) e deixa os fãs esperando o disco Rough and Rowdy Ways

Por Bruno Mateus
Publicado em 08 de maio de 2020 | 11:26
 
 
 
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Depois de soltar a épica narrativa "Murder Most Foul”, de 17 minutos, no fim de março e, vinte dias depois, aparecer com "I Contain Multitudes", título-referência ao verso do poeta Wilt Whitman (1819-1892), Bob Dylan agora volta à cena com a elétrica "False Prophet" (“Falso Profeta”), lançada nas plataformas digitais nesta sexta-feira (8) sem muito alarde, à maneira do poeta. Horas antes do anúncio, a conta oficial de Dylan no Twitter estampou uma mensagem: "What are you lookin' at - there's nothing to see" (“O que você está olhando – não há nada para ver"), que agora sabemos se tratar de um verso da canção.

A música é um blues com ares misteriosos bem ao estilo do bardo, cheio de menções a ouro e prata, traições, conflitos, Deus e o diabo, negócios do submundo, navios e o Santo Graal, metáforas sempre presentes nas canções do Nobel de Literatura desde que ele saiu de Minnesota para colocar os pés na Nova York que congelava naquele inverno de 1961. "Eu não sou um falso profeta/ Eu apenas sei o que eu sei/ Eu vou aonde somente os solitários podem", canta Mr. Dylan, para finalizar a canção de seis minutos com mais uma de suas charadas: "Não me lembro quando eu nasci/ E eu esqueci quando morri".

Bob Dylan, que completa 79 anos no dia 24 próximo, também anunciou a data de seu novo disco: 19 de junho. Em CD e nas plataformas digitais (o vinil fica para julho), "Rough and Rowdy Ways" (se as duas canções anteriores faziam referência a Shakespeare e Wilt Whitman, dessa vez Dylan brinca com “My Rough and Rowdy Days”, country de Waylon Jennings lançado em 1987) será o primeiro álbum de inéditas do compositor em oito anos – "Tempest" saiu em 2012 e antecedeu três álbuns com regravações de clássicos norte-americanos, o último deles, “Triplicate”, de 2017. 

Embora tenha dado pistas de que viria um novo disco por aí, Bob Dylan nunca foi dado a previsibilidades. Quando esperaram que ele fosse o tal cantor de protesto porta-voz de uma geração, ele rompeu com a tradição folk e empunhou uma guitarra elétrica, deixando o caipira de violão e gaita pendurada no pescoço para trás. Ali, ele mostrou sua condição de artista indomável, que só faz o que quer e quando quer. Com a voz desafinada e estranha de sempre, Dylan continua genial, fazendo o que gosta, do jeito que gosta, e o mais importante: sempre um passo à frente dos demais.

Os tempos estão mudando e é realmente uma sorte ainda termos Bob Dylan para nos lembrar que é melhor começarmos a nadar ou afundaremos como pedras.

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