No ano passado, houve uma expressiva participação brasileira na Berlinale, com "Marighella", de Wagner Moura, exibido fora de concurso. Em 2020, o Brasil estará de volta à competição, com "Todos os Mortos", de Marco Dutra e Caetano Gotardo, três anos após Joaquim, de Marcelo Gomes, estar entre os selecionados.
Berlim anunciou na manhã desta quarta-feira, 29, sua competição oficial, e o Brasil volta a concorrer ao Urso de Ouro, que já recebeu por "Central do Brasil", de Walter Salles, e "Tropa de Elite", de José Padilha. Neste ano, a competição acontece entre 20 de fevereiro e 1º de março. Além de "Todos os Mortos", o País participa com 18 outros filmes em diversas sessões do festival.
O Brasil na virada do século 19 para o 20. Três mulheres, a mãe e as duas filhas. O marido está ausente e nunca voltará. Todos os Mortos começa com a morte da doméstica, uma antiga escrava. A família, a propriedade, tudo está implodindo. A mãe fica muito doente, a filha mais velha não tem tempo de cuidar dela e confia a tarefa à mais nova.
Ana é seu nome, e ela é obcecada pelo passado escravocrata da família. A lembrança dos antigos escravos a assombra, e tudo se passa no período entre a data da independências, o Dia dos Mortos e o carnaval. Incapazes de se integrar ao clima de euforia - com as festas e a modernização de São Paulo -, as três mulheres perdem o contato com a realidade e mergulham na doença e na loucura.
Com produção da Dezenove, de Sara Silveira, "Todos os Mortos" marca a nova incursão do talentoso Dutra pelo cinema de gênero, após "Trabalhar Cansa", "Quando Eu Era Vivo", "O Silêncio do Céu" e "As Boas Maneiras". Dutra tem uma bem sucedida parceria com Juliana Rojas, mas, dessa vez, ela assina a montagem e o codiretor é Caetano Gotardo. Dutra e ele já fizeram "Quando Eu Era Vivo" e Gotardo, sozinho, dirigiu "O Que Se Move" e "Seus Ossos, Seus Olhos".
O filme de abertura do festival será "Meu Ano de Salinger", de Philippe Falardeau, com Sigourney Weaver. O filme aborda o universo literário de Nova York, nos anos 1990, do ponto de vista da assistente de uma poderosa agente (Sigourney). Nas estrutura da empresa, a garota, interpretada por Elizabeth Qualley, é encarregada de responder às cartas endereçadas ao autor mais prestigiado da casa, J. D. Salinger.