Só a arte e a culturam salvam. A frase não é mero clichê. Pelo menos é o que demonstra a pesquisa Hábitos Culturais II, realizada pelo instituto Itaú Cultural e pelo Datafolha e divulgada nesta quinta-feira (22). No levantamento, foram ouvidas 2.276 pessoas em todo o País, entre os dias 10 de maio e 9 de junho.
Entre os entrevistados de todas as classes sociais e nas cinco regiões do país, 67% disseram sentir saudades de ir ao cinema, em comparação com 32% para atividades artísticas e 17% para centros culturais.
Embora o consumo de atividades culturais pela internet deva se manter mesmo com a volta da vida normal no pós-pandemia, a maior parte do público está bastante saudosa de eventos presenciais e do convívio com outros frequentadores —especialmente se for no escurinho do cinema.
A vontade de ir a eventos presenciais também é grande. Se for possível escolher entre ver um show de música ao vivo ou pela tela do computador, 62% optam por estar fisicamente numa plateia, a mesma porcentagem dos visitantes de centros culturais.
Outro dado do levantamento é que o aumento de consumo de cultura no ambiente virtual ocorreu no momento em que os brasileiros passaram a ficar mais conectados à internet. De acordo com a pesquisa, 76% dos entrevistados informaram que passaram a se conectar todos os dias. Em 2020, o índice era de 71%.
O estudo mostrou também que o consumo de apresentações artísticas de teatro, dança e música disparou. No ano passado, 20% dos indivíduos diziam que consumiam este tipo de atividade no ambiente online. Este ano, o índice dobrou e subiu para 40%.
Outra atividade que teve forte crescimento durante a pandemia foi a audição de podcasts. Em 2020, 24% dos entrevistados informaram que acessavam plataformas do gênero. Este ano, o índice subiu para 39%, um salto de 15 pontos percentuais.
O consumo de jogos eletrônicos também avançou, com salto de 32% para 43% no percentual de entrevistados que realizaram a atividade, no comparativo entre 2020 e 2021.
O consumo de música on-line também ganhou novos adeptos (de 74% para 79%), bem como o consumo de filmes e séries, que saiu de 68% para 75% dos entrevistados. Ganharam terreno de consumo on-line, ainda, os cursos livres (de 35% para 41%) e a leitura de livros digitais (de 36% para 40%). Espetáculos infantis, por sua vez, se mantiveram estáveis (23%).
Online continua
A pesquisa Itaú Cultural/Datafolha também apontou que o hábito de consumir atividades culturais virtuais tem tudo para vingar e boas chances de se manter no pós-pandemia.
De acordo com os dados, 80% dos que assistiram a apresentações de teatro, música e dança nesse ambiente pretendem seguir com a prática mesmo após a volta à normalidade. O índice é o mesmo declarado para aulas ou oficinas de arte.
Já entre os espectadores de apresentações infantis, o índice é de 81%, semelhante aos 82% declarados pelos habitués de seminários nas redes.
É menor o índice de continuidade da prática no caso das exposições e museus (67%). Registraram patamares equivalentes, estatisticamente, visitas virtuais a centros culturais (78%), oficinas de criação para crianças (75%) e visitas guiadas a projetos artísticos (76%).