Samba de raiz

Bruno Cupertino lança seu primeiro disco de carreira, 'Canto Forte'

No trabalho, ele quis resgatar a tradição dos antigos sambas - culminando, consequentemente, na minha ancestralidade enquanto compositor

Por Patrícia Cassese
Publicado em 25 de janeiro de 2021 | 03:00
 
 
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Gravado no Rio de Janeiro, "Canto Forte" marca o début de Bruno Cupertino no mercado fonográfico. São 12 faixas, cujas letras abordam temas do cotidiano, como relações amorosas (“Prazer Insano”, “Bodas de Amor”, “Maria Mercedes”), conflitos (“Bamba Valente”, “Golpe de Vista”), a cultura afrobrasileira (“Pra Oxum Bailar”, “Samba do Libertador” e a música-título) e a própria criação musical (“Samba Pra Ela”, descrita como uma celebração do amor, e “Sambê”, um samba gafieirado). 

A criação do trabalho, diz ele, foi perpassada pelo resgate da tradição dos antigos sambas - "culminando, consequentemente, na minha ancestralidade enquanto compositor". "Desde a concepção das letras, escolha do arranjador e o corpo  de instrumentação utilizada, segui um critério, um caminho cuidadosamente trabalhado, maturado, ao longo dos anos. Fruto de muita leitura e pesquisa e da vivência nas rodas de samba, uma das coisas mais importantes, na minha opinião".

Satisfeito com o resultado, Bruno diz ter um carinho especial por todas as faixas. "São realmente resultado de extensa dedicação, trabalho coletivo e, acima de tudo, amizade". Mas ele destaca "Canto Forte", samba que abre o álbum, feito com seu mais antigo parceiro, Betinho Moreno. "Minha avó, já falecida avó, pediu que eu fizesse uma canção que exaltasse a nossa força“, recorda. Pedido aceito, emergiu um samba que ressalta o negro escravo e a ancestralidade brasileira através de personalidades como Zumbi dos Palmares, Dandara e a escrava Anastácia. Outra faixa sobre a qual ele se detém é "Pra Oxum Bailar", outra parceria com Betinho Moreno e Joazito Parceria. "É um ijexá que homenageia o orixá Oxum, canção de grande sucesso nas rodas de samba".

Outra que tem feito sucesso nas rodas de samba, diz ele, é "Bodas de Amor", parceria com Xico Queiroz, é um samba que fala da parceria perfeita entre um casal. "Apresenta como fato curioso a verdade implícita na letra, pois fiz especialmente impulsionado pela paixão".

Sobre a pandemia e a quarentena, Bruno diz que está tratando o assunto com o devido  respeito e cuidado. "E principalmente carinho, pois o respeito com as medidas também se tornou uma forma de afeto. Embora tenha sido um período de grandes dificuldades, também foi de intenso trabalho: disco lançado, shows virtuais e uma safra de novas composições. Após essa etapa, acredito que a humanidade, enquanto comunidade, vai sair melhor do que entrou, pois foi um  período de grande reflexão. Hoje a vacina é uma feliz  realidade, tenho fé de que brevemente estaremos todos, cantando e vibrando junto, celebrando o amor e a amizade".

Trajetória

Bruno integrou dois grupos de samba de Belo Horizonte, o Samba de Quintal (criado no ano 2009) e Camafeu (uma dissidência do Samba de Quintal). Atualmente, ele é acompanhado nos shows pelos integrantes do Camafeu: Betinho Moreno (violão de 7 Cordas), Humberto Dias, Rafa di Souza (violão de 6 cordas), Fabrício Cássio (cavaquinho), Robson Batata (percussão) e Thiago Ramos (sopros).

Sobre sua formação musical, Bruno credita como principais influências os sambistas cariocas Cartola, Ismael Silva, Nelson Cavaquinho, Nelson Sargento e Noel Rosa, entre outros. Nesta bagagem cabem ainda obras de Chico Buarque, Martinho da Vila e Paulinho da Viola, e da música mineira. “Sempre ouvi muito Milton Nascimento, assim como os outros do Clube da Esquina, e também Helena Penna, Tizumba, Marku Ribas”, especifica. Outra referência que Bruno faz questão de citar é Moacir Santos, maestro, compositor e arranjador pernambucano que fez carreira nos EUA.

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