Lançada nesta terça-feira, “Para-ti”, da compositora mineira Camila Menezes, fecha a trilogia de singles “Bença”, seu primeiro trabalho solo no qual ela, sozinha, assim, além das composições, arranjo, gravação (vozes e instrumentos), mixagem e masterização. Após bater continência à sua genitora em “Louvação à (minha) Mãe”, na nova faixa, a multiartista reverencia seu pai, Walter, que ela salienta ser outro importante pilar da construção de sua identidade humana e artística.
Segundo a artista, a composição começou a se desenhar algum tempo após a partida de seu pai. “Foi uma elaboração da vontade de reencontrá-lo. De abraçar ele, de fazer com que alguma coisa chegasse até ele”, relembra Camila, ressaltando que o pai, autodidata, tocava acordeon, gaita e violão, além de cantar e assobiar em duas vozes ao mesmo tempo. “Tivemos uma história muito intensa, lá em casa. Papai e mamãe se tornaram nossos melhores amigos. E, dos filhos, sou a que mais se parece com meu pai, que era uma pessoa muito musical. No domingo, não tinha essa coisa de acordar tarde. Ele se levantava e já começava a tocar o acordeon. Daí a pouco, eu pegava o violão e a gente começava a cantar e a tocar juntos”, rememora.
As memórias da convivência cotidiana misturam-se com lembranças das viagens em família. “Tínhamos uma Parati, e nela fazíamos viagens longas, sempre cantando”, conta a artista, conhecida também por seu trabalho como baixista e compositora das bandas Tutu com Tacacá e Dolores 602 – grupo de indie pop formado por musicistas em Belo Horizonte, que ganhou oito prêmios em festivais com composições assinadas por ela. Entre as músicas premiadas, inclusive, está “AzulAmarelo”, que ganhou novo arranjo para integrar “Bença”, tendo sido a primeira música do EP a ser lançada. Ela é também maestrina do Coral Casa de Auxílio e Fraternidade Olhos da Luz (Sabará).
A trilogia musical “Bença”
Primeiro trabalho solo de Camila Menezes, “Bença” reflete o resultado da fusão entre a tecnologia do eletrônico e a organicidade da viola. “A viola representa um símbolo do interior do Brasil, que tem muito a ver com as minhas raízes. Ao mesmo tempo, as músicas vêm do meu interior, da minha forma íntima de ver o mundo, da minha relação com os meus pais e com quem me cerca”, conta Camila, que viveu sua infância e adolescência em Abaeté. “É interessante trazer essa mistura e mostrar que não existe campo fixo de trabalho para a viola ou para o eletrônico. São possibilidades que podem dialogar e chegar a resultados de expressão bem poéticos”.
A gravação de ”Bença” foi realizada com o apoio do Ministério do Turismo e do Governo do Estado de Minas Gerais, por meio da Lei Emergencial Aldir Blanc.
Ouça a nova música