Ingrediente

Capitólio (MG) mostra seu potencial gastronômico com a tilápia

Região localizada entre a Serra da Canastra e o Lago de Furnas, prova que Minas Gerais não tem mar, mas está para peixe

Por Lorena K. Martins*
Publicado em 18 de julho de 2022 | 06:16
 
 
 
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Sempre foi um comentário comum que, por causa da distância de Minas Gerais do mar, seria um equívoco imaginar qualquer ingrediente fresco sendo servido em menus espalhados por Belo Horizonte, cidade nada litorânea. Mas, entre torresmos com mandiocas e clássicos filés com fritas, a tilápia empanada reina nos menus, consagrando-se como um tira-gosto mineiro.

Quem concorda é o jornalista gastronômico e especialista em bares e botecos Nenel Neto. “É um peixe gostoso, relativamente acessível, e muitos botecos vendem, principalmente a versão empanada. É até difícil encontrar outros tipos de peixe, se não for uma casa especializada. É quase uma ditadura da tilápia”, brinca ele, que mantém o perfil no Instagram @baixagastronomia.

E faz sentido. Afinal, Capitólio, cidade localizada entre a serra da Canastra e o lago de Furnas, é uma das maiores produtoras do peixe em Minas Gerais – e é lá que fica um dos maiores lagos artificiais do planeta. A presença da tilápia, que figura na lista dos peixes de água doce mais criados e comercializados no Brasil, reina nos menus de restaurantes espalhados na região.

Um deles é o restaurante Turvo, restaurante aberto em 1963 que fica às margens da represa de Furnas e já chegou a vender 800 mil quilos do peixe por mês. De acordo com Ana Maria de Oliveira Pádua, que está à frente do restaurante, a produção de peixes faz parte das atividades de agricultura familiar da região. Somente em Capitólio, há quatro peixarias registradas para a produção de tilápia, com 30 pessoas envolvidas.

“A 15 km daqui está a usina de Furnas. Por lá, há uma análise trimestral do nível da água que resulta na qualidade do peixe. Além disso, valorizamos o que a nossa região produz, não só a tilápia, mas outros insumos, até o arroz e o feijão”, contou. Ela prepara a tilápia, que chega fresca quase que diariamente ao estabelecimento, de diversas formas: grelhada, recheada, à dorê ou ao molho, como o medalhão de tilápia com creme de palmito.

Na mesma região, o restaurante de comida mineira Cozinha da Roça também serve a iguaria, e, por lá, a tilápia na telha, servida ao molho vermelho e branco, é um dos carros-chefes, bem como a versão empanada à milanesa. Em ambas, outro ingrediente reina absoluto na composição: queijo, também produto de destaque na região da serra da Canastra – são mais de 800 famílias que mantêm viva uma tradição secular.

Por isso, é comum pratos de peixe servidos ao molho de queijo ou gratinados. No restaurante Panorama, também em Capitólio, a tilápia empanada e sequinha no queijo canastra é o prato de destaque do menu.

*A jornalista viajou a convite do projeto Capitólio em Movimento 

Tilápia também reina absoluta em BH
A tilápia servida no Uluru Café, com purê de batata doce roxa e molho pesto, chega quase que diariamente ao local e são abatidas em Morada Nova de Minas, região central do Estado. À frente da cozinha, Luiza Pimentel fala sobre a necessidade de manter o contato com o produtor para que a iguaria nunca falte no menu.

Já no Dorsé, a tilápia servida com fritas, petisco tradicional em botecos, também dividem a atenção dos comensais com outras pedidas mineiras, como o torresmo. “Tilápia é o tira-gosto mais vendido aqui da casa, mais do que os feitos com carne de porco”, conta o chef Elmo Barra.

No novíssimo Helena, o peixe também disputa destaque no menu repleto de cortes e carnes sobres da Carapreta. Por lá, pedaços de tilápia empanada e guarnecidas acompanham batata asterix chips e molho tártaro.

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