Protagonista de “Carcereiros”, Rodrigo Lombardi celebra a volta da série à Globo com episódios inéditos a partir desta segunda-feira (18). “Mesmo quem não acompanhou as temporadas anteriores pode assistir a esta sem problema nenhum”, afirmou o intérprete do personagem Adriano. A expectativa para a estreia é ainda maior por um motivo: esta será a terceira e última temporada da trama e marcará o desfecho da história livremente inspirada no livro “Carcereiros”, de Drauzio Varella.
Ao todo, serão quatro capítulos que vão ao ar nesta semana (exceto na quarta-feira), logo após a novela “A Força do Querer”. A minissérie, como é chamada pela Globo, é baseada no filme “Carcereiros: A Noite sem Fim”, lançado em 2019 e que tem direção de José Eduardo Belmonte – ele também dirigiu as duas temporadas da série, exibidas pela emissora carioca em 2018 e 2019. Os novos episódios trarão cenas inéditas, gravadas especialmente para a exibição na TV. Neles, o carcereiro Adriano relembra momentos das temporadas anteriores.
Belmonte define “Carcereiros” como “um projeto que adquiriu ramificações”. “Inicia com o livro do Drauzio, tem a série, dois filmes (um documentário e o longa-metragem ‘A Noite sem Fim’). Cada uma dessas partes do projeto pensou em falar do tema para públicos diferentes”, explicou o diretor.
Segundo ele, no cinema, a proposta era dialogar com o público mais jovem, “mais familiarizado com o gênero de aventura e de ação”, enquanto a série mesmo trazendo cenas intensas, “é mais direcionada ao thriller e ao drama”. “O que vamos ver agora na minissérie é um ponto de equilíbrio entre a série e o filme”, afirmou.
A trama
“‘Carcereiros’ conta a realidade do presídio de um jeito que as pessoas nunca viram”, avaliou Lombardi. “Nessa história, relatamos uma noite na qual uma invasão acontece e, do nada, desperta a ira de um, o pensamento de outro, e isso vai virando uma bola de neve. E acaba sendo apenas mais um dia na vida do personagem”, explicou o ator.
A intensa noite a que o intérprete de Adriano se refere acontece após a chegada do perigoso terrorista internacional Abdel Mussa. Além da missão de controlar todos os passos do terrorista, garantindo que ele fique vivo até o dia seguinte, Adriano ainda precisa lidar com uma invasão e evitar mortes, sempre colocando sua própria vida em risco.
Coube ao ex-BBB Kaysar Dadour interpretar o terrorista Abdel. O longa, aliás, foi o primeiro trabalho dele como ator – a gravação aconteceu antes de ele estrear na TV no elenco da novela “Órfãos da Terra” (2019), da Globo. “Tenho muito orgulho e muita honra por ter participado do filme”, disse Kaysar, 31, que é de origem síria e está radicado no Brasil. “É a carreira com que eu sonhei desde criança e que graças a Deus deu certo aqui no Brasil”, comemorou ele.
Segundo Kaysar, o papel foi um grande desafio não só por ser sua estreia na profissão. “É um terrorista. E como eu sou da Síria, muita gente veio me questionar o motivo de eu ter aceitado o trabalho. Mas ser sírio não significa ser terrorista, é um trabalho, estou fazendo um papel. Muitos atores já interpretaram ladrões e assassinos, mas isso não quer dizer que eles sejam ladrões e assassinos”, observou o ator.
Ele conta que teve muita ajuda do diretor José Eduardo Belmonte e dos colegas de elenco. “Eles me deram dicas importantes e me ajudaram a ficar mais seguro na hora de gravar”, contou Kaysar. O ator estreante ganhou elogios do veterano Rodrigo Lombardi por sua atuação em “Carcereiros”. “O Kaysar foi uma grata surpresa. Ele soube lidar muito bem com essa história de esquecer que tem uma câmera ali”, disse o intérprete de Adriano que também está no ar em “A Força do Querer”, na pele do advogado Caio.
“É impressionante a disponibilidade que ele teve, se doou muito e percebeu muito rápido que, quanto mais simples, melhor. Ele fez um grande trabalho, e eu acabei nem precisando ajudar”, completou Lombardi.
“Foi uma experiência sensível e transformadora”, afirma o diretor
Para José Eduardo Belmonte, dirigir “Carcereiros”, tanto na TV quanto no cinema, “foi uma experiência sensível e transformadora”. “Tanto no aspecto profissional quanto humano”, garantiu ele, em entrevista ao Magazine.
O diretor destaca o fato de a história, que é de ação, fazer críticas sociais e políticas. “Quando li o roteiro achei que o Adriano – um cidadão comum, que fica impotente diante de batalhas que parecem não ter fim e de absurdos crescentes e ainda assim tenta sobreviver e manter uma ética – seria uma boa alegoria para o país”, contou.
“Infelizmente, isso se tornou ainda mais intenso”, pontuou ele.
Belmonte também comentou sobre a experiência que o projeto lhe proporcionou de “mergulhar” no sistema prisional brasileiro. “Teve um lado tenso, angustiante, ao ver o cenário cheio de abandono, precariedades e constatar que é um assunto sem a atenção da nossa sociedade”, observou o diretor.
“É fundamental falar e se importar para acharmos soluções de vários problemas do país. Não só sobre segurança pública. Não existe solução fácil aqui e não adianta fingir que o problema não existe ou se escandalizar só quando o problema explode”, destacou.
“Por outro lado foi bastante inspirador conhecer o trabalho de alguns agentes penitenciários e o quanto eles buscam fazer a diferença por meio de solidariedade, escuta e empatia”, finalizou.