Chico Buarque agradeceu em vídeo o recebimento do Prêmio Camões, principal troféu literário da língua portuguesa. A cerimônia de entrega seria realizada no último sábado (25), mas a pandemia do novo coronavírus impediu que o evento acontecesse. Foi no mesmo dia, em 1974, que aconteceu Revolução dos Cravos em Portugal, que pôs fim ao Estado Novo português.
"Nesta tarde, deixarei na janela cravos vermelhos e cantarei em alto e bom som 'Grândola, Vila Morena', de Zeca Afonso", disse Chico. A canção se tornou símbolo da derrubada da ditadura salazarista. No Brasil, a canção fez sucesso na voz de Nara Leão."Se possível, peço ainda a vocês que guardem um pensamento aos seus irmãos brasileiros, que estão, mais do que nunca, necessitados de um cheirinho de alecrim", pediu Chico aos portugueses.
O Camões, criado em 1988, elege todo ano um autor de qualquer país falante do português. A escolha é um reconhecimento da obra completa do autor, em vez de apenas a uma obra específica. O último brasileiro eleito havia sido Raduan Nassar, autor de "Lavoura Arcaica", em 2016. No ano passado, o Camões foi para Germano de Almeida, escritor de Cabo Verde.