Cia. Luna Lunera lança curta 'Nesta data querida'

Nesta quinta-feira (28), a partir das 20h, a Cia. Luna Lunera obra encerra a programação da mostra que baliza suas duas décadas de atividades com a pré-estreia online do curta-metragem "Nesta Data Querida", baseado no segundo espetáculo de repertório da trupe, de 2003. Com duração de 30 minutos, o filme por quatro dias, no canal da trupe no Youtube, com acesso gratuito (a classificação indicativa é 18 anos). Em cena, Fafá Rennó, Cláudio Dias e Cláudia Côrrea repassam a história que foi inicialmente levada aos palcos.  Coube a Cláudio Dias a tarefa de, a pedido do Magazine, resumir a trama: "A personagem Antonieta foi ao salão de beleza de Erre arrumar o cabelo para o aniversário do filho Rafa. Lá, encontra com Rosa, cliente habitual do estabelecimento. Por educação, Antonieta convida os dois para o aniversário da criança. Por educação", salienta ele. Ocorre que, no momento da festa, que tem decoração infantil, os dois personagens aparecem, para surpresa de Antonieta. "Na verdade, são os únicos 'convidados' presentes na casa. Nem a criança está presente", prossegue ele. 

Uma pergunta, então, se apresenta tanto para as personagens quanto para o público: onde está o Rafa? O que aconteceu com a criança? "Essa ausência, esse estado de ausência leva Antonieta, Rosa e Erre a se revelarem, mostrando suas solidões, seus medos e contradições. Cada um à sua maneira expõe sua fraqueza, proporcionando um encontro de fato, olho no olho, os unindo num emocionante 'parabéns pra você'”, complementa o ator, acrescentando que o curta-metragem mostra o vazio das relações humanas num mundo no qual as pessoas estão cada vez mais isoladas. "Num mundo onde o que se aparenta ser conta mais. Isso tudo num clima de humor, drama e suspense", adiciona. 

Aplaudida pelo longa “A Baronesa”, além de ter feito o curta “Plano Piloto”, Juliana Antunes assina a adaptação e direção do filme. Detalhe: há dez anos, quando ainda era estudante de cinema, Juliana estagiou na Luna Lunera. Portanto, já conhecia o espetáculo em questão.  "Estava numa praia de um acampamento do MST no Ceará, por meio da rede tucum de turismo, quando recebi o convite - e aceitei na hora, via celular", lembra ela, pontuando que o maior desafio foi fazer um filme com baixo orçamento. "Esse é sempre um grande desafio - fazer o melhor trabalho possível dentro das limitações orçamentárias sem explorar as pessoas (profissionais) envolvidas e dar um resultado justo na tela com o trabalho de todas e todos - elenco e equipe". Sobre o processo de adaptação propriamente dito, Juliana conta que os envolvidos reduziram algumas coisas do texto e acrescentaram outras durante os ensaios online ( via plataforma Zoom) com o elenco". Um desafio, plenamente vencido, foi se desapegar do texto original. Outro, vivenciado pelos atores, foi a adaptação dos corpos cênicos para a nova linguagem. As gravações, vale dizer, aconteceram na casa do cantor e ator Marcelo Veronez, no bairro Sagrada Família, que, assim, virou a casa de Antonieta. 

Finda a comemoração dos 20 anos de forma virtual, ainda por conta da pandemia, Cláudio revela o desejo dos componentes de voltar às atividades presenciais, retornando com apresentações e circulação dos espetáculos, bem como com a realização de cursos e oficinas. Além, previsivelmente, de ensaio do novo espetáculo. "Pretendemos retomar com a circulação do espetáculo 'E ainda assim se levantar', que estreou em agosto de 2019 e teve sua carreira interrompida, e retomar presencialmente o  Incena, curso de iniciação teatral que acontece desde 2015, na sede da Luna. Também iniciaremos o processo de criação do novo espetáculo, que terá a dramaturgia inédita da mineira Silvia Gomez e título provisório de 'Aquela que eu (não) fui”. Seguimos com força e fé na arte, na educação e na cultura", enfatiza ele.