Viciados, imigrantes, prostitutas, gays e todos os que não se encaixam em gavetas impostas por modismos moralistas são os personagens que interessam ao cineasta norte-americano Gus Van Sant. Um dos nomes mais relevantes da produção cinematográfica atual dos Estados Unidos, o diretor tem sua obra exibida durante a mostra que leva seu nome. Onze títulos serão exibidos a partir desta quinta-feira (4) até o dia 11, no Cine Humberto Mauro, no Palácio das Artes. A entrada é gratuita.

Com uma produção bastante diversa, Gus Van Sant é conhecido por sua aproximação com temas sociais relevantes, enriquecida graças a recortes inventivos. O cineasta possui uma mira elástica: pode contemplar os dilemas da adolescência sem paternalismos baratos, como em “Elefante” e “Garotos de Programa”. E consegue fugir de visões limitadas da existência LGBT, resultado alcançado em “Mala Noche”. Falar da alienação da vida contemporânea e da fatalidade da vida completam seus temas de preferência.

“Ele é um diretor surpreendente de um filme para outro, mas é possível perceber um modo de construção do personagem e fuga de respostas óbvias”, contextualiza o gerente do cinema, Bruno Hilario. “Em geral, ele desmonta uma visão tradicional da juventude”, completa.

A trajetória profissional do cineasta é um dos alicerces que ajudam a construir toda essa gama narrativa. “Ele começou nas artes plásticas, tornou-se um diretor de cinema independente nos anos 1970, e depois conseguiu fazer filmes que questionavam uma moral vigente”, explica Hilario. 

Lançado em 2003, “Elefante” foi uma de suas produções mais comentadas. Evitando teses esquemáticas, a produção parte de vários pontos de vista para tratar sobre o terrível atentado ocorrido em Columbine, uma escola da cidade norte-americana de Portland, que culminou em 15 mortos. A tragédia completa 20 anos neste mês de abril.

A exibição de “Elefante”, nesta sexta-feira (5), às 19h30, é especialmente imperdível, pois será comentada pela psicanalista Maria Rita Guimarães, da Escola Brasileira de Psicanálise. A influência das artes plásticas na filmografia do cineasta será debatida por Francisco Pereira após a sessão de “Gerry”, às 19h da próxima terça-feira (9).

Tratar de questões de interesse ao público LGBT também é algo importante para o diretor – ele mesmo um gay que não esconde sua orientação sexual. Destaque para o filme “Milk”, no qual Sean Penn encarna Harvey Milk, o primeiro homossexual assumido a ser eleito nos Estados Unidos.

Agenda

O quê. Mostra Gus Vant Sant
Quando. A partir desta quinta-feira (4) a a 11 de abril, em vários horários
Onde. Humberto Mauro – Palácio das Artes (avenida Afonso Pena, 1.537, centro)
Quanto. Entrada gratuita