A ponte musical entre o belo-horizontino Vitor Santana (violão e voz) e o português João Pires (violão e voz), dupla que forma o Coladera, com outros universos criativos tem rendido frutos nessa quarentena. Embora o isolamento social imposto pela pandemia do novo coronavírus tenha interrompido projetos, como uma turnê pela Europa (hoje, por exemplo, eles estariam na Alemanha) e a participação em um festival no Uruguai, o duo tem mantido atividade total durante esse período com novidades.
Na última sexta-feira (8), eles começaram a divulgação de uma série de videoclipes nas redes sociais e no canal do grupo no YouTube. A inédita “Sutileza”, composta e gravada em novembro do ano passado pelo Coladera e o colombiano Cerrero, ganhou um vídeo com assinatura do cineasta e produtor José Lúcio (Indra Filmes) e interpretação da atriz Gabriella Donetti, ambos colombianos. A produção foi toda feita durante a quarentena. Nesta sexta-feira (15), uma segunda versão – tanto da canção quanto do clipe – chega ao YouTube, dessa vez em parceria com Diego Gómez. “Esse é o resultado de mais um coprodução Brasil e Colômbia, e o vídeo também foi produzido na quarentena”, conta Vitor Santana.
Outros três vídeos estão na fila para serem lançados: o primeiro, “Mandinga”, do editor e cineasta Bruno Pacheco, sai em 31 de maio e foi realizado no isolamento a partir de colaborações do trio original do Coladera, que tinha o percussionista carioca Marcos Suzano. “Luz de Yayá”, dos cineastas Eduardo Zunza, de Minas, e Eduardo Escariz, da Bahia, traz imagens gravadas em Portugal, Angola e Cabo Verde, em 2016, durante a turnê do disco “Lo Dôtu Lado”, o segundo do Coladera.
Por fim, “Deserto do Sal”, com direção de Daniel Veloso (Sabotage Filmes), resgata a apresentação da dupla com a Orquestra de Câmara Sesiminas, em novembro de 2019. “Luz de Yayá” e “Deserto do Sal” ainda não têm data de estreia, mas devem ser lançados ainda em junho.
Outra novidade da dupla é o lançamento, ao longo deste ano, de cinco remixes feito na Europa a partir de músicas do Coladera. Com a participação da banda alemã Jazzanova, as faixas saem pela gravadora Agogô Records.
Disco novo
Em reuniões virtuais durante o isolamento, Vitor Santana e João Pires já estão em trabalho de composição do terceiro disco da dupla. Ainda sem nome, o álbum de inéditas começará a ser produzido em 2021 pela alemã Agogô Records, e vai contar com colaborações de Chico César (que, inclusive, já escreveu uma canção), Luedji Luna, Pedro Luís e o cantor angolano Paulo Flores, entre outras parcerias.
Ao todo, o projeto contará com oito canções e a ideia é que cada uma também seja lançada em formato de pequenos filmes, produzidos e dirigidos pelo cineasta mineiro Helder Quiroga em coprodução com realizadores de outros continentes. “Estamos juntando as forças dos parceiros para produzir. O conceito do disco é que ele seja um videoalbum, já que temos muito essa pegada do audiovisual”, comenta Vitor.
Para o músico, esse é um momento em que parcerias são sempre bem-vindas. “O Coladera é um projeto que cabe muitas colaborações. A partir do núcleo central, eu e João, cria-se uma coisa universal que se conecta rapidamente com outros artistas. Apesar de preocupados com o rumo artístico, estamos produzindo muito”, ressalta Vitor Santana.