Com dois projetos engavetados, Pedro Morais passeia pelo repertório neste sábado

“A vida é a arte do encontro”. É provável que Vinícius de Moraes, quando escreveu esse verso, nem mesmo em seus piores pesadelos, tenha imaginado que chegaria o dia em que o “desencontro” seria fundamental para que a vida continuasse. Por sorte, as plataformas online, de certa maneira, e talvez as únicas em tempos tão incertos, possibilitam o contato, mesmo que pela tela do celular ou do computador. “Estou muito feliz com essa possibilidade de troca, mesmo que virtual, com o público”, conta Pedro Morais, artista que entoa em alto e bom som o caráter curador da arte e que, neste sábado (27), a partir das 17h, para aliviar um pouco a tensão do isolamento social, reencontrará os fãs no projeto Gerais Cultura de Minas, que tem levado ao canal do Memorial Vale no YouTube valiosas apresentações de artistas mineiros.

A apresentação de Pedro Morais que será exibida já está gravada, mas tem um certo ineditismo, garante o artista. “Neste show, toco músicas dos meus três discos, realmente um compilado, e também duas releituras, além de uma música do meu pai, que faz parte do meu repertório há muitos anos, mas que nunca tinha gravado”, conta Pedro, destacando que a canção em questão é emblemática. “Foi com ela que ganhei o prêmio de melhor intérprete, em segundo lugar, no Festival de Turmalina. Na época, eu era muito novo, tinha 16 anos, e foi a primeira vez que pisei em um palco profissional”, completa o músico.

Diante da pandemia, Pedro Morais revela que teve que adiar alguns planos, como, por exemplo, lançar seu quarto disco, o “Poema Noturno”, álbum que já está no processo de finalização e que flerta com a obra de Carlos Drummond de Andrade. “É um disco de poemas musicados, no qual eu também recito poesias, e é um projeto muito especial, que estou fazendo desde 2017, quando aconteceu um show a convite do Sesc e que, agora, está se tornando disco”, conta o artista, que pretendia apresentar o rebento neste mês. “Como a gente tem que evitar aglomerações, eu tive que repensar as estratégias para esse lançamento. Então, estou segurando e, provavelmente, devo lançar uma música atrás da outra com videoclipes, pelo menos a metade do álbum, pois é um disco muito imagético”, completa o compositor.

Seguindo a recomendação de isolamento social e aproveitando o tempo para estudar mais melodias, ouvir outras músicas e se dedicar a própria casa, como cozinhar e pintar as paredes, conforme revelado em um bate-papo via smartphone, Pedro Morais também já desenha um outro disco, além do “Poema Noturno”, obviamente. “Eu volto para um novo disco em 2021, que é quando começarei a gravar, com músicas autorais, sem ser o projeto temático do Drummond”, revela ele, compreendendo que esse período, em que os projetos estão andando a passos mais lentos, pode ser positivo: “Eu acho que esse tempo vai trazer, sim, muitos benefícios”.