Começa nesta segunda a 6ª Mostra Benjamim de Oliveira

Dois anos após sua última edição, a Mostra Benjamin de Oliveira retorna à cena a partir de hoje, com uma programação que se estende até o próximo domingo, dia 27. Criada por Maurício Tizumba em 2013 com o compromisso de buscar a valorização da cultura negra, a iniciativa programa, este ano, a apresentação de espetáculos de teatro, dança e teatro infantil, bem como palestra e oficinas. Viabilizada por meio da Lei Aldir Blanc, no âmbito do Estado de Minas Gerais, a edição 2021 conta com curadoria da atriz Julia Tizumba. Vale ressaltar que todo o evento é gratuito, com transmissão online ao vivo do Teatro Feluma, pelo YouTube da Cia. Burlantins (youtube.com/ciaburlantins), realizadora da mostra (que tem produção da Napele Produções Artísticas).

Os espetáculos selecionados este ano são: “Sonhos de Gaveta”, com Wesley Ribeiro (dia 24), “E se todas se chamassem Carmem?”, com a Breve Cia (25), “Meu canto de graça”, com Cóccix Companhia Teatral (26) e “Abena”, da Cia. Bando (27). Hoje e amanhã, 21 e 22,  das 17h às 19h30, será ministrada a oficina Encantoar, com a atriz, cantora e professora de teatro Michele Bernardino.  

Julia Tizumba não esconde que, no ano passado, uma sensação de tristeza invadiu os realizadores diante da constatação de que não seria possível realizar a mostra dado o impacto da pandemia do novo coronavírus. "Para quem trabalha com arte, conseguir realizar os nossos trabalhos, festivais, é sempre uma vitória muito grande. Mas para quem trabalha com arte negra, é uma vitória dobrada. Então, não conseguir fazer dá uma sensação de frustração e de impotência, um sentimento de que a luta está parada. Mas a gente vai resistindo e se reiventando". Quanto ao fato de ser uma edição online, a curadora diz esperar que a programação chegue a um número maior de pessoas. "E que chegue no coração dessas pessoas. Que essa tecnologia possibilite que vá mais longe, porque a internet permite romper fronteiras, chegar a montanhas além Minas. Ou seja, que pelo menos isso de positivo a gente possa tirar, diante da ausência do encontro". Julia conta que a experiência com "Solo Negro", "que é a nossa outra mostra", foi positiva. "Que a Mostra Benjamin de Oliveira siga os passos dela, pois".

Em relação à programação, Julia salienta uma característica que, no seu entender, permeia as artes cênicas mineiras. "Que é a presença de companhias, de grupos de teatro, de artistas que escolhem trabalhar coletivamente. Assim, muitas vezes, os espetáculos não acontecem de forma efêmera, momentaneamente, e depois se esvaem. Os artistas continuam juntos ali, como uma família, como um coletivo. Nessa edição, a gente contempla espetáculos de grupos, companhias de teatro negro de BH. E também a dança, com um espetáculo que vem nos reconectar com a possibilidade de sonhar, que muitas vezes é negada à população negra, é posta sempre numa situação de servidão, referindo-se, no caso da dança, a "Sonhos de Gaveta".

O nome da mostra, vale sempre lembrar, rende homenagem ao mineiro (de Pará de Minas) Benjamin de Oliveira (1870 - 1954), primeiro palhaço negro do Brasil, conhecido como o Rei dos Palhaços e considerado o criador do circo-teatro brasileiro. "A mostra nasce para ser mais um espaço anti-racista dentro das artes, mais um espaço de luta, de resistência e de busca por direitos mais justos e igualitários para todos nós", resume Júlia.

Serviço
6ª Mostra Benjamin de Oliveira
Desta segunda a domingo.
Programação gratuita. Transmissão online dos espetáculos direto do Teatro Feluma  pelo YouTube da Cia Burlantins  - youtube.com/ciaburlantins
Inscrições gratuitas para palestras e oficinas pelo Sympla.