Um vírus invisível foi capaz de impactar os rumos da humanidade para sempre. E mais do que isso: levou a reflexões profundas e a mudanças de hábitos. Houve quem aproveitasse esses intermináveis meses de pandemia para concretizar projetos há muito guardados, como foi o caso do cantor, compositor e multi-instrumentista brasiliense, mas radicado em Minas, Felipe Ribeiro.  
 
Aos 22 anos, ele acaba de lançar seu primeiro EP, que leva o nome de “Despedida”, pelo selo independente Lucas Bitencourt Records, e que começou a ser gestado justamente em março, quando foi decretada a quarentena. O projeto já está em todas as plataformas digitais.
 
“Eu estava ficando muito preso dentro de casa; era um momento muito autorreflexivo, de introspecção, e acredito que isso possa ter me influenciado bastante para criar. Eu não teria a oportunidade de passar por esse processo de autocompreensão, como aconteceu agora”, acredita. 
 
Felipe revela que até então já tinha idealizado cinco projetos de EP, mas nunca dava certo. “Acho que desde os meus 20 anos eu já comecei a trabalhar nisso. Eu ia jogando fora e aproveitando, jogava fora e reaproveitava, até as ideias se aproximarem da sonoridade que eu queria, que fosse interessante. Segui muito o meu feeling”, analisa. 
 
Quando a coisa finalmente amadureceu, Felipe resolveu dar a cara a tapa e lançou, no mês passado, as quatro faixas do EP: “Despedida”, “Partida”, “Encontro”, “Despedida - Reprise” (esta com letra), que não deixam de fazer referência a um ciclo.
 
“Acho que elas refletem, sim, sobre a natureza cíclica, de fins e recomeços em relações, dessa coisa do descobrimento e do autoconhecimento que comentei também”, frisa o músico, que, além de ser o autor de todas as canções, canta e toca guitarra, baixo e bateria no projeto. A produção e a mixagem são de Matheus Gramigna e de Augusto Diniz, que também foi o responsável pela masterização e instrumentações adicionais. 
 

 
Trajetória. 
A música está presente na vida de Felipe Ribeiro desde garoto. Apesar de os pais não serem artistas - a mãe é professora de português e o pai estuda medicina -  eles sempre trabalharam com música paralelamente. Com apenas 8 anos, o garoto ganhou seu primeiro instrumento, uma guitarra. Pouco tempo depois, partiu para a percussão e chegou a fazer parte de grupos como o Trovão de Minas e o Maracatrupe.
 
“No começo eu queria ser baterista. A bateria foi o primeiro instrumento que, literalmente, me tocou. E à medida que fui ficando mais velho, fui sentindo a necessidade de compor. Isso acabou me levando mais para os instrumentos melódicos e acabei retomando a guitarra”, recorda Felipe, que é autodidata. 
 

REPERCUSSÃO 
O músico revela estar bastante satisfeito e até surpreso com a repercussão positiva de seu trabalho de estreia. A produtora da Nó de Rosa Produções, Márcia Ribeiro, responsável por trazer shows de grandes artistas nacionais e internacionais a Belo Horizonte, como Paul McCartney, Milton Nascimento e Ney Matogrosso, disse ao escutar o EP do jovem músico: “Não conhecia Felipe Ribeiro, mas fiquei intrigada, decifrando-o em cada faixa que ouvi. Denso, intenso, complexo e noutras suave e sereno. Felipe tem muito pra nos dar. Adorei!” 
 
Poeta, crítico e produtor cultural, Lucas Guimaraens também ressaltou a qualidade e a inovação musical do estreante. “É pop. Mas vem de um ouvido que, nem se sabe, está alinhado na constelação de nossas composições da ‘escola Clube da Esquina’. É rock e está ligado com as outras antenas mundão afora”, opinou. 
 
Para Felipe Ribeiro – que confessa ter ficado “em choque” com os elogios –, este é um sinal de que está no caminho certo. “Não esperava uma receptividade tão boa. As pessoas realmente gostaram; tenho recebido esse retorno não só de amigos, conhecidos, mas também de quem não conheço. Foi bem surpreendente e, ao mesmo tempo, um alívio, já que mexer com música é um sonho de moleque e que quero continuar seguindo”, salienta.
 
O trabalho do artista também está disponível em suas redes sociais: Facebook e Instagram.