Na nova série da Globo em coprodução com a O2 Filmes, “Segunda Chamada”, de Carla Faour e Julia Spadaccini, Debora Bloch, 56, foi presenteada com um desafio: interpretar Lúcia, professora de Língua Portuguesa que dá aulas à noite para jovens e adultos que sonham em conquistar uma vida melhor. Além de enfrentar as adversidades do dia a dia numa escola pública, Lúcia lida com uma tragédia pessoal: a perda do filho adolescente.
Para seguir em frente, encontra forças na relação com seus alunos e no apoio dos colegas: o diretor Jaci (Paulo Gorgulho), Sônia (Hermila Guedes), professora de História e Geografia; Eliete (Thalita Carauta), de Matemática; e Marco André (Silvio Guindane), de Artes. “Os professores, junto à direção, são uma equipe de trabalho, como em qualquer outro lugar. Estão ali enfrentando os problemas que acontecem na escola”, comenta a atriz.
Com uma trama realista – assim como “Sob Pressão” –, “Segunda Chamada” conta histórias. “Ambas tratam de assuntos muito básicos e fundamentais para pessoas de baixa renda, tão desassistidas nesse sentido. As políticas públicas de educação e de saúde são muito precárias. Não é de hoje que é assim no Brasil. Acho que dialogam nesse sentido, cada uma num assunto”, reflete.
Com direção artística de Joana Jabace, a série, que estreia em outubro, também traz no elenco Carol Duarte, Mariana Nunes, Nanda Costa, Linn da Quebrada, Otávio Müller, Marcos Winter e José Dumont. Inicialmente, a ideia veio da peça “Conselho de Classe”, de Jô Bilac. “Que é sobre um conselho de professores de escola pública. Só que, na série, evoluiu para o ensino noturno, de adultos, e vai para além dos professores, acompanha histórias dos alunos também”, diz a atriz.
Em sua preparação, Debora visitou algumas unidades das Ejas (Educação de Jovens e Adultos). “Primeiro, uma na Maré, no Rio, pois tenho uma relação com as Redes da Maré de anos. Lá, conversei com professoras, alunos, assisti às aulas. Depois, fomos a outra, em São Paulo. Teve um trabalho de aproximar mesmo dessa realidade que a gente conhece muito pouco. Os alunos que chegam à Eja não tiveram uma oportunidade de estudar na idade certa. Ou não tiveram acesso à escola, ou tiveram de parar de estudar para trabalhar e ajudar em casa, ou não conseguiram acompanhar.
Porque a realidade deles é bastante dura. São dessas pessoas que estamos falando, que estamos representando na série”, diz.
Debora explica, ainda, que considera importante a iniciativa da série diante dos tempos atuais, “sobretudo num momento em que está havendo um desmonte das políticas públicas de educação”. Ela pondera que a série foi criada muito antes desse momento. “Mas, infelizmente, a gente tem problemas básicos que não andam para frente. É uma vergonha a quantidade de crianças fora da escola no Brasil, e de analfabetos. Tomara que a série desperte um olhar para isso. Estou muito assustada com o que a gente está vivendo no Brasil”, finaliza.