Investigação

Eduardo Kobra e prefeitura de Boa Vista são alvo de busca após mural derreter

Administração nega superfaturamento da obra e artista diz que valores são compatíveis com sua trajetória

Por Agências
Publicado em 22 de julho de 2022 | 17:39
 
 
 
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A prefeitura de Boa Vista, em Roraima, foi alvo de buscas da Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (22), por suspeitas de superfaturamento em contratos firmados com o muralista Eduardo Kobra. Cumprindo quatro mandados de busca e apreensão, a operação Aquarela foi deflagrada por agentes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, o Gaeco, do Ministério Público de Roraima e da Polícia Civil.

Em dezembro de 2020, Kobra assinou um mural de 180 metros, no Parque Rio Branco, projetando na parede uma iguana gigante. A pintura, no entanto, foi realizada por uma equipe do artista enviada ao local. A obra custou R$ 400 mil aos cofres públicos, derretendo quatro meses depois.

A operação Aquarela investiga se houve superfaturamento na efetivação de um contrato de serviço prestado que não foi entregue como deveria. A polícia ainda não informou quais são as suspeitas contra Kobra, mas os crimes investigados, no caso, são peculato, falsidade ideológica e fraudes em contratos públicos. Em Boa Vista, a polícia fez buscas na casa de Daniel Lima, superintendente da Fundação de Educação, Turismo, Esporte e Cultura, a Fetec, e na casa do fiscal que firmou o contrato.

Kobra tem obras em mais de 40 países. Em 2007, se tornou conhecido pelo projeto Muro das Memórias, em São Paulo. Em comunicado à imprensa, o artista afirmou que o valor de sua contratação é compatível com sua trajetória e as dimensões da obra.

Ele ressaltou que não poderia viajar a Roraima para realizar o projeto, por causa da pandemia de Covid-19. "O fato de eu não ter executado a obra de forma presencial não é e nem nunca foi ocultado. Criar e executar com uma equipe é prática habitual no mundo artístico contemporâneo", diz a nota.

Sobre o desgaste da pintura, Kobra disse que o problema não é da obra de arte, mas do muro. "Mesmo assim, embora não fosse parte do meu contrato, destaquei uma equipe própria para efetuar um restauro no ano passado, quando o problema surgiu."

Em nota, a prefeitura de Boa Vista se disse surpresa com a operação. Afirmou que sempre trabalhou com transparência, prezando pela aplicação dos recursos públicos de forma responsável, nunca tendo sido alvo de investigação. " É preciso também ser questionada a verdadeira motivação da operação, com todo o aparato presente no local ligado ao governo do estado." (Folhapress)

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