Neste sábado

Érica Toledo lança, em sistema drive-thru, o livro 'Vida Afora, Porta Adentro'

Obra traz crônicas, além de alguns contos e poemas, escritos de janeiro de 2019 a dezembro de 2020

Por Patrícia Cassese
Publicado em 01 de maio de 2021 | 11:12
 
 
 
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O cotidiano é a bússola que indica a direção à escrita de Érica Toledo - e "Vida Afora, Porta Adentro" (Pomar de Ideias, 158 páginas), novo livro da psicanalista, e que acaba de sair do forno, não foge à regra. "É realmente o que me convoca no dia a dia: tanto as questões factuais quanto os sentimentos que encontro em mim e nos outros", detalha ela. A obra em questão é uma coletânea de crônicas, com alguns contos e poemas também, selecionados entre o material produzido por Érica durante dois anos: de janeiro de 2019 a dezembro de 2020. O lançamento, que acontece neste sábado, a partir das 10h, no Barro Preto, reserva um ineditismo: será feito em sistema drive-thru.

Sobre o gênero que também pautou o seu livro de estreia, "Sanguínea", ela diz: "As crônicas passeiam por muitos lugares, são muito democráticas, curtas, simples... Vejo, pelo retorno que recebo dos escritos nas redes sociais, que há um público de pessoas interessadas em comportamento, em literatura, mas também em análises do contemporâneo, da nossa realidade social e política". 

Desafiada a destacar algumas do novo livro, a seu livre arbítrio, ela dá início por "Vacina". "Esse é um texto sobre os amores. Um assunto que me mobiliza muito", assume. Érica conta que sempre tentou decifrá-lo, seja na vida pessoal ("fui casada três vezes e tive muitos relacionamentos"), seja na teoria ("é o tema da minha monografia de especialização em psicanálise"). "De tudo o que sei sobre a natureza contraditória do amor, tenho algumas certezas: primeiro, a de que vale a pena amar. Não há energia mais poderosa para nos ampliar na vida. Segundo, que, para não transformar o amor num conflito enorme e frustrante, a gente precisa diminuir as idealizações", pontifica.

Em "Vacina", ela discorre sobre viver os relacionamentos de forma "menos infantil". "E essa é uma vacina difícil de se inventar, porque, quando menos esperamos, já estamos nós, fantasiando, criando expectativas enormes e exigindo", reconhece.

"Pluma", por seu turno, toca em uma ferida ainda não cicatrizada: a perda do pai, ocorrida no Carnaval de 2020. "Há um outro texto sobre esse luto no livro, que é o 'Marítima'. Acho que, nesse momento, em que estamos lidando tanto com as pernas, é um tema que merece ser tocado, traduzido, revelado. As dores confessadas e compartilhadas ficam mais suportáveis", entende. 

Já "Sexo" é um texto que ela explica ser de incentivo ao contato com a própria sexualidade. "Há alguns outros textos sobre sexo no livro, como 'Indecente', 'Vênus' e 'Amor Líquido'. Esse é um tema que toca muito a nós, psicanalistas. Quando a psicanálise foi criada por (Sigmund) Freud, há mais de cem anos, o problema era a sexualidade reprimida. Hoje, o que escuto de pessoas de todas as idades no consultório é um abandono da sexualidade. Nós mulheres, principalmente, não construímos muitos significados sobre isso e estamos perdendo uma vivência que é engrandecedora. O corpo pode nos levar a muita riqueza e é um caminho importante para o encontro", elocubra.

Em tempo: No lançamento, para atender às exigências de segurança da pandemia, o leitor receberá o livro sem descer do veículo. O pagamento será realizado de forma antecipada por meio de transferência PIX. Não haverá venda no local com utilização de máquina de cartão e dinheiro, para tornar o processo de autógrafo e entrega dos exemplares mais ágil e seguro. De acordo com a assessoria de imprensa do evento, quem eventualmente for ao lançamento a pé também receberá o livro com todos os cuidados de prevenção, já que o local, por ser muito amplo e aberto, oferece maneiras de manter o distanciamento.

Confira, a seguir, outros tópicos da entrevista

Érica, como está a sua vida nesta pandemia? Desde o início da quarentena, eu trabalho em home office como jornalista e só faço os atendimentos do consultório online. Então, passo a semana quase toda dentro de casa e, quando consigo, nos fins de semana e folgas, fujo para o mato, trilha, rio. Tem sido meu respiro.

Que sentimentos mais frequentemente te assolam neste período? Me assola, com mais frequência, a preocupação com a anestesia dos sentimentos, com a indiferença. Vejo essa incerteza prolongada promovendo não só isolamento físico, mas um isolamento emocional. E isso é muito grave. A falta de vida, de vontade, de desejo de coisas boas e até falta de indignação. Já vínhamos em um grave aumento de depressões e suicídios. Aumento das desigualdades. O que mais me inquieta é o medo dessas formas de desistência, de descuido e de violência com a vida. O que considero mais importante agora é promovermos um resgate da conexão com a vida.   

Por outro lado, algo de surpreendeu positivamente, neste período? No meio da tristeza, acho que uma experiência positiva acontece, que é o retorno ao mundo real. Estávamos vivendo vidas virtuais demais. Então, fazermos nossa própria comida, passarmos mais tempo com nossos bichos de estimação, decidirmos fazer uma horta, nos religarmos aos sentidos afetivos da nossa casa, tudo isso nos resgata, nos traz de volta ao presente. É uma música, uma roupa confortável, uma conversa dividida com quem está do nosso lado, o para casa do filho, é o simples, a essência que andava abandonada. Vivemos para fora, para atender a essa sociedade de performance. Agora, muitos desses palcos de exibição desapareceram. Isso pode ser um caminho para um pouco mais de verdade. A verdade é que somos pequenos, impotentes, limitados, frágeis e mortais. A pandemia pode esvaziar um pouco os nossos egos inflados. Além disso, tanta insegurança e perda nos faz lembrar que não há certeza de amanhã, então, como diria o Renato Russo, é preciso amar as pessoas hoje.

A autora - Érica Toledo é mineira de Belo Horizonte. Aos 45 anos, é mãe de três filhos. Formada pela UFMG em Comunicação Social e em Teoria Psicanalítica. Trabalhou por 20 anos na imprensa diária, tendo sido repórter e editora na TV Globo, apresentadora e editora chefe dos programas “Feminina”, na TV Alterosa, e “Opinião Minas”, na Rede Minas.

Atua em consultório e faz palestras na área de comportamento. Como escritora, participou de diversas antologias e publicou a coleção de histórias infantis “À Espera do Natal”. Foi uma das vencedoras do Prêmio Off Flip de Literatura em 2020 e seu primeiro livro de crônicas, “Sanguínea”, concorreu ao Prêmio Jabuti.

Serviço

Lançamento do livro “Vida afora, porta adentro” em formato drive-thru
Neste sábado (1°), de 10 às 13 horas
Rua Uberaba, em frente ao número 900, Barro Preto.
 

* O PIX para adquirir o exemplar é livrovidaafora@gmail.com. Valor: R$ 40. O comprador deve colocar o nome completo na identificação da transação e enviar o comprovante para o mesmo email. No dia do lançamento, a dedicatória será feita no local por Érica.

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