Homenagem

Fernanda Montenegro: relembre oito papéis inesquecíveis da atriz

Um dos maiores símbolos da arte brasileira completa 90 anos nesta quarta-feira

Por Bruno Mateus
Publicado em 14 de outubro de 2019 | 12:28
 
 
 
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Um dos maiores símbolos da arte brasileira, a atriz, nascida Arlette Pinheiro Esteves da Silva Torres, no Rio de Janeiro, completa 90 anos na próxima quarta-feira. Ao longo de sete décadas de carreira, Fernanda deu vida a personagens que marcaram o cinema, o teatro e a televisão do país, é motivo de orgulho para a nossa cultura e figura indelével de nossa história. O Magazine listou algumas atuações brilhantes de um atriz que merece todas as reverências.

“Central do Brasil” (1998)

Fernanda ganhou o mundo ao interpretar Dora, uma professora aposentada que escrevia cartas para pessoas analfabetas na Central do Brasil, no Rio de Janeiro. Ao conhecer o menino Josué, a vida da personagem muda completamente. Filmaço de Walter Salles e atuação impecável de Fernanda, que concorreu ao Oscar de melhor atriz em 1999 (é a primeira e única brasileira a ser nomeada à estatueta dourada) e recebeu o Urso de Prata no Festival de Berlim.

“O Auto da Compadecida” (2000)

Primeiro veio a minissérie; depois, o filme – ambos inspirados na peça de Ariano Suassuna. Fernanda, em praticamente uma participação especial, é Nossa Senhora, a Compadecida, que, após a morte dos personagens, intervém junto a Jesus Cristo em um julgamento no céu para que eles obtenham o perdão e voltem à Terra.

“Guerra dos Sexos” (1983)

O talento de Fernando Montenegro permite que a atriz faça papéis memoráveis tanto em dramas quanto em comédias. Na novela “Guerra dos Sexos”, a atriz deu vida à personagem Charlô, prima e rival de Otávio (Paulo Autran). Eles são obrigados a dividir a mansão que receberam de herança do tio e vivem em pé de guerra. A cena em que jogam comida um no outro em uma de suas brigas é uma das mais antológicas da TV brasileira.

“Belíssima” (2005)

Com uma atuação primorosa, Fernanda Montenegro conseguiu colocar Bia Falcão no time clássico de vilãs, como Nazaré Tedesco (Renata Sorrah, em “Senhora do Destino”) e Odete Roitman (Beatriz Segall, em “Vale Tudo”). Na novela, ela forja sua própria morte, coleciona maldades e, para irritar ainda mais o público, se dá bem no final ao fugir do país em um jatinho e encontrar seu amante, vivido por Cauã Reymond, em Paris.

“Fedra” (1986)

Fernanda também tem uma trajetória de respeito no teatro. Em “Fedra”, montagem do texto escrito originalmente pelo pensador e escritor romano Sêneca em 54 d.C., ela está tão fenomenal que o diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte, Roberto Alvim, que chegou a ofender a atriz nas redes sociais por conta de seus posicionamentos políticos, disse ter decidido fazer teatro depois de vê-la em cena nessa peça, sucesso de público por onde passou.

“A Falecida” (1965)

Primeiro filme da atriz, o longa, baseado em uma peça de Nelson Rodrigues, é uma das grandes obras do Cinema Novo. Fernanda é Zulmira, uma mulher fissurada pela ideia da morte que quer ter um enterro de luxo para compensar sua vida ordinária em um subúrbio do Rio de Janeiro. Em 2015, “A Falecida” foi eleito um dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine).

“Eles Não Usam Black-Tie” (1981)

No clássico “Eles Não Usam Black-Tie”, baseado na peça homônima de Gianfrancesco Guarnieri e dirigido por Leon Hirszman, a atriz vive a sofrida Romana, casada com Otávio (Guarnieri) e matriarca de uma família operária, que vive um dilema interno em meio a um movimento grevista durante a ditadura militar. O longa venceu o Leão de Ouro no Festival de Veneza e é presença frequente em listas dos melhores filmes brasileiros de todos os tempos.

“Viver sem Tempos Mortos” (2009)

Grande dama dos palcos, a atriz, com uma performance irretocável nesse monólogo, interpreta textos baseados nas memórias e em trechos de cartas enviadas pela filósofa, escritora e ativista feminista Simone de Beauvoir a Jean-Paul Sartre. “O espetáculo oferece uma oportunidade para que o público jovem conheça um pouco mais sobre a paixão, a energia, a audácia e as contradições humanas de Simone de Beauvoir, uma das pensadoras mais influentes do século XX”, explicou a atriz, à época.

Autobiografia

Fernanda Montenegro chega aos 90 anos ostentando uma carreira brilhante que dispensa apresentações. Para marcar essa data, a atriz, que tem sido uma das principais vozes contrárias ao governo Bolsonaro no universo das artes, lançou, recentemente, a autobiografia “Prólogo, Ato, Epílogo: Memórias”. “Recomendo a todo mundo. É a história do Brasil pelos olhos dela. É um livro maravilhoso”, disse a filha, Fernanda Torres.

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