Até dia 31

Festival de Inverno UFMG começa nesta sexta e propõe refletir sobre o Brasil

Programação é gratuita e online e traz como uma das atrações da abertura o encontro poético entre Arnaldo Antunes e a professora e escritora Lucia Castello Branco

Por Ana Clara Brant
Publicado em 23 de julho de 2021 | 07:30
 
 
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É pegando gancho nos versos da canção “Envelhecer”, do cantor, compositor, poeta e artista visual Arnaldo Antunes, “A coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer”, que a escritora e professora da UFMG, Lucia Castello Branco resume um pouco o que será a tônica do encontro poético virtual que abre nesta sexta-feira (23) o 53º Festival de Inverno  UFMG: “Nada mais antigo que o moderno”, diz ela. A partir das 20h15, Lucia participa da live “Passar Poesia - Encontro com Arnaldo Antunes”, em que os dois vão conversar sobre, claro, poesia, sobretudo o mais recente trabalho do multiartista, o livro de poemas “Algo Antigo”, lançado neste ano, além de revisitar a trajetória do ex-integrante dos Titãs. 

Para a escritora, a obra de Arnaldo dialoga muito bem com a temática desta edição, "Escutas e Vozes dos Brasis”, e que aborda os impasses do Brasil contemporâneo ao rever os 100 anos do modernismo, tendo em vista a proximidade do centenário da Semana de Arte Moderna de 1922.

 

“Eu e o Arnaldo temos uma conversa antiga que começa mais ou menos em 2009, quando ele participou pela primeira vez de um projeto na Universidade. Ele chegou a vir também numa edição do próprio Festival. Essa sua obra mais recente, ‘Algo Antigo’, tem tudo a ver com o que o evento propõe, já que o tema é uma revisão do modernismo e do pensamento brasileiro. O que fica, o que vai... E acho que o Arnaldo tem feito isso melhor do que ninguém”, opina Lucia Castello Branco lembrando das referências sempre presentes no trabalho do músico como Oswald de Andrade, o Tropicalismo e o Concretismo brasileiro. “Sem contar que o Arnaldo está completamente antenado com a questão indígena, das africanidades, que são assuntos que também serão debatidos neste Festival. Esse encontro terá muita conversa boa, leituras, músicas, vídeos. Quero que seja uma live viva para trazer um pouco de alegria, de poesia que é o que todos estão precisando”, frisa Lucia.

O Festival de Inverno UFMG, que é realizado desde 1967 e é referência nacional, acontece pela segunda vez virtualmente no canal do YouTube da Diretoria de Ação Cultural da UFMG (DAC),  promovendo até 31 de julho diálogos e performances culturais de diversas vertentes como música, literatura, teatro, performance, artes visuais, cinema, saberes tradicionais, além de outras áreas do conhecimento. Toda a programação é gratuita e foi planejada em parceria entre a DAC e o projeto MinasMundo, uma iniciativa composta por uma rede de pesquisadores e professores de universidades nacionais e internacionais, que busca fazer uma revisão dos sentidos do Modernismo em diferentes linguagens artísticas, intelectuais e políticas, a partir da viagem dos modernistas para Minas Gerais em 1924.

“Nós pensamos em antecipar um pouco uma reflexão crítica sobre o modernismo, já que em 2022, se celebra o centenário da Semana de Arte Moderna de 22, por isso convidamos uma série de pensadores que vão discutir questões que são urgentes e prementes do Brasil. Queremos A ideia é repensar esse projeto de Brasil que foi lançado na Semana de 22 através de uma escuta das mais diversa vozes da literatura, da performance, do teatro, da música, da filosofia, teoria, por isso o tema. esse sujeitos todos se interagem nas lives, pra repensar esse brasil. Não é uma comemoração propriamente de 22; a proposta é trabalhar com algumas ideias lançadas lá trás para pensar qual o Brasil queremos hoje”, analisa Mônica Medeiros Ribeiro, diretora-adjunta de Ação Cultural da UFMG e uma das organizadoras do Festival de Inverno, ao lado de Fernando Mencarelli.

 

Mônica ressalta que desde os seus primórdios, o Festival de Inverno sempre foi um ato de resistência e que, com o contexto atual, de pandemia e de descaso com a cultura especialmente por parte do governo federal, essa perseverança, se intensificou. “O Festival é uma aposta na experimentação para a criação de outras possibilidades de criação artística, de formação de grupo, de ensino a aprendizagem de arte, de prática culturais. O Festival reafirma que a cultura é um espaço privilegiado de produção de conhecimento, que a cultura perpassa as mais diversas dimensões da sociedade, e que ela faz com que nós sejamos quem somos; que ela é plural. Não existe uma cultura, mas uma diversidade cultural. O Festival da UFMG é um ato de resistência na medida em que ele acontece há tanto tempo e se renova frente aos desafios de cada ano”, salienta

O escritor Silviano Santiago, o artista multimídia e curador independente, Jaider Esbell, do povo Macuxi, o espetáculo teatral "Luiza Mahin... eu ainda continuo aqui", produzido pela artista Cyda Moreno, grupo paulista A Barca, o músicos Toninho Horta e Makely Ka, a cantora mineira Titane, e os professores Leda Martins e Fabrício Fernandino são algumas das atrações do evento. A programação completa está em www.ufmg.br/festivaldeinverno.

 



 

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