Música

Festival Sotaques da Sanfona Brasileira 2022 tem início em BH

Em sua 1ª edição, evento reúne alguns dos maiores sanfoneiros do país, em programação gratuita com shows, palestras e workshops

Por Patrícia Cassese
Publicado em 24 de junho de 2022 | 05:00
 
 
 
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Imbricada à música regional nordestina, com ênfase no forró, a sanfona, porém, tem muitas outras valências. E é exatamente para exaltar a versatilidade deste instrumento que tem início hoje, na capital mineira, a primeira edição do Sotaques da Sanfona Brasileira 2022, evento que até domingo ocupa o palco da praça Santa Tereza (Duque de Caxias), com uma programação gratuita.

Idealizado pela produtora cultural Giselle Goldoni Tiso, que também assina a direção, o festival colocou a palavra “sotaques” em seu nome justamente para sinalizar o quanto o instrumento adquiriu características próprias no Brasil, o que será demonstrado pela escalação de músicos representativos de várias regiões do país. Do sul, por exemplo, vêm Renato Borghetti e Bebê Kramer; enquanto do Nordeste, a baiana Lívia Mattos, o pernambucano Beto Hortis e o sergipano Mestrinho. Da região sudeste, São Paulo se sobressai com as presenças de Toninho Ferragutti (com o Quinteto de Cordas), Gabriel Levy e o Trio Mana Flor. Mas Minas Gerais estará muitíssimo bem representada com Célio Balona e Rafael Martini. Já o Centro-Oeste, por Marcelus Anderson, músico do Mato Grosso do Sul.

Além de ser atração musical, o citado Toninho Ferragutti também responde pela curadoria do festival. Em entrevista ao Magazine, ele revela que, na verdade, a primeira cidade especulada para sediar a iniciativa foi Ouro Preto, mas, por questões logísticas, Belo Horizonte acabou sendo agraciada. O que nunca se alterou foi de fato o objetivo. “Desde o início, a ideia era justamente realçar a versatilidade da sanfona, mostrando seu entrosamento com gêneros que vão da gafieira à música de câmara. É um instrumento que ocupa um espectro grande na música. Tem uma representatividade muito grande no Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste, mas, ao mesmo tempo, também ocupa lugar de importância dentro da música de câmara, na dança urbana... É um espectro bastante amplo. Aí em Minas, por exemplo, há um movimento muito intenso. No caso do Centro-Oeste, até mesmo por meio da novela ‘Pantanal’ (Globo) o público vem tomando mais contato com a sanfona tão marcante do Mato Grosso, que o Marcelus mostra no evento. Aliás, nele, o público vai poder ter a experiência de se deparar com todos esses coloridos, e de forma gratuita”, celebra o também compositor e arranjador.

Homenagem. Nesta primeira edição, a programação rende homenagem a um baluarte da música brasileira: Luiz Gonzaga, o eterno Gonzagão (1912-1989), o Rei do Baião, um grande difusor do instrumento. “A ideia é a de que cada atração toque uma música de Gonzagão, mas orientamos que evitassem optar pelo clássico ‘Asa Branca’, porque o universo dele é tão grande em termos de composições... E também para que não repetissem”, explica.

Ferragutti também ressalva que o evento é 100% voltado à música instrumental. “Dentro deste recorte, vamos ter sanfona solada, sanfona na música de câmara, em formações pequenas, como duo ou trio, somada ao som de outro instrumento, como o violão no caso do Borghetti”.

Workshops e aulas-show. Embora o ponto de partida do festival no palco da Duque de Caxias esteja marcado para esta noite, ontem, houve uma aula-show ministrada pelo músico carioca Marcelo Caldi, dentro do projeto de musicalização, ‘Sanfona é cultura popular”

Já nesta sexta, serão realizados os workshops de Gabriel Levy (“Sotaques da sanfona no mundo”) e de Toninho Ferragutti (“Estudo diário para acordeonistas”). No sábado, será realizada a palestra “O sotaque e a regionalidade da sanfona no Brasil’, com a participação dos músicos Célio Balona, Bebê Kramer e Nonato Lima.

Além dos shows e das atividades educativas, um outro pilar sustenta o festival: a sustentabilidade, com iniciativas como a coleta seletiva de lixo e medição de carbono – no caso, haverá plantio de árvores na cidade, em número de acordo com a medição de CO2.

Début

 

A programação do primeiro dia do evento terá início às 18h, com o convidado  Gabriel Levy (SP), que vai mostrar no palco o 
poderio da sanfona na música do mundo. Na sequência, tem o Trio Mana Flor (SP), que mostra a relação da sanfona como o forró feminino. O mineiro Célio Balona, por seu turno, joga luz na tradição da sanfona executada entre as montanhas do estado, enquanto o gaúcho Renato Borghetti se incumbe de falar da gaita e os festejos do Sul. O evento tem acesso gratuito, e acontece na praça Duque de Caxias, no bairro de Santa Tereza, até este 
domingo. As palestras serão realizadas no Conservatório UFMG.

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