Flir tem início nesta terça rendendo homenagem a Carolina Maria de Jesus

Com uma pandemia em curso, o cenário, claro, era de absoluta incerteza. Mesmo assim, os realizadores e produtores do Festival Livro na Rua não se deixaram vencer pelo pessimismo e continuaram em campo, mesmo que virtual, a engendrar um formato possível para a terceira edição desse evento que espraia charme por colocar seu foco nas livrarias e editoras mineiras. 

Desta terça-feira, 5, até o dia 10 de outubro, a iniciativa volta a celebrar o universo das letras, tendo como homenageada a escritora Carolina Maria de Jesus (1914-1977). Com o tema de abertura “Pois é, Carolina”, o Flir 2021 bate continência à mineira, autora de "Quarto de Despejo", livro considerado como leitura obrigatória para entender um pouco mais as disparidade na distribuição de renda no país. "Quando os realizadores chamaram a curadoria, fizeram essa sugestão, que, na verdade, nem chegou a ser debatida: todos nós queríamos celebrar Carolina Maria de Jesus. Carolina é urgente", diz  a poeta, escritora, teatroeducadora e atriz Adriane Garcia, que divide a curadoria com Kaio Carmona.

Nesta terça, na abertura, foram realizadas as palestras“Gramática do Cotidiano, Carolina e Conceição: Ruptura, herança e continuidade” com Conceição Evaristo e mediação de Cláudio Henrique; e “Pois é, Carolina”, com a participação do jornalista, escritor, biógrafo e crítico literário Tom Farias, autor de “Carolina: Uma Biografia” (2019), também com mediação de Cláudio Henrique.  Às 19h, teve início o cerimonial de abertura (presencial, na Livraria Ouvidor). Também está sendo lançado nesta terça o  livro “Quem é Deus?”, de Cassiano C. de Oliveira, da Boutique do Livro.

Nos dias seguintes, acontecem mesas de debate, com participantes de BH e diretamente de Luanda. "A ponte com Angola, feita graças ao professor e curador Kaio Carmona e o CCBA, em Luanda, é a grande novidade da edição", entende Adriane. "A outra são as mesas virtuais que, se por um lado não estão ali no encontro presencial, afetivo da presença, também trazem a vantagem de ficar registradas, gravadas, e também retratando esse tempo pandêmico. Temos, ainda, espaços alternativos, além das livrarias. São 11 livrarias, espaços presenciais e 18 editoras participantes", enumera.

Integram o circuito as seguintes livrarias: Livraria Boutique do Livro (Divinópolis), Livraria Páginas, Livraria da Rua, Livraria Outlet de Livro, Livraria Esquerda Literária, Livraria Ouvidor, Quixote Livraria, Livraria Bantu, Livraria do Belas, Livraria Leitura e a Papelaria Mercado Novo (Belo Horizonte).

Perguntada sobre que temas predominam as discussões, Adriane cita a “gramática do cotidiano de Carolina Maria de Jesus, mulher e literatura, a diáspora africana e as marcas da escravidão, a justiça social, a língua portuguesa que atravessou o oceano, a edição feita por mulheres e que edita mulheres... de alguma forma, são temas que perpassam a obra/história de Carolina". 

Adriane lembra, ainda, que, quando foi convidada para a curadoria, era sabido que a organização teria que fazer algo adaptado. "Mesas virtuais em vez das mesas nas ruas, uma programação nas livrarias que respeitasse protocolos contra a Covid, levando em conta que não devemos aglomerar, devemos usar máscaras, álcool em gel". Nada, porém, que ofusque o brilho do evento.

Serviço
FLIR – III Festival Livro na Rua

Programação da quarta-feira, dia 6

Virtual: 14h Brasil / 18h Angola: Mulher e literatura: Um quartinho para eu escrever e guardar meus livros. (Contribuição da Mulher para a paz), com Maria Valéria Rezende, Amélia da Lomba, Adri Aleixo.

16h30 Brasil / 20h30 Angola: Fronteiras rasuradas: Faz de conta que estou sonhando (A diáspora africana) José Luís Mendonça, Prisca Agustoni, Vera Lúcia de Oliveira, João Fernando André

19h. Live de lançamento do livro "No Espelho das águas", de Cidinha Ribeiro da Boutique do Livro.

Presencial: 17h30 - Lançamento e bate-papo com o Marcelino Xibil Ramos, autor do livro infantil "O Abraço”, na Outlet do Livro

Informações: Site: www.festivallivronarua.com.