Depois do Instituto Inhotim e do CCBB BH, que retomou suas atividades na quarta-feira, com uma mostra dedicada a Ivan Serpa, outra galeria emblemática da cidade reabre suas portas, e com uma exposição que merece ser conferida: “Amilcar de Castro - Matéria e Luz” ocupa o Centro Cultural Minas Tênis Clube (CCMTC) desta quinta-feira até o dia  24 de janeiro de 2021. A curadoria é de Rodrigo de Castro, filho do artista.

A mostra reúne 50 peças, entre esculturas, trabalhos sobre eucatex, papel e telas. O fio condutor é a sensibilidade criativa de Amilcar, a partir de um diálogo entre matéria e luz. A mostra insere-se na agenda dos cem anos de nascimento deste mineiro de Paraisópolis, que tem várias obras inseridas na paisagem da cidade -  inclusive no passeio e na fachada do CCMTC, na rua da Bahia. No local, foram instalados em agosto, também como parte das comemorações pelo centenário do artista, a plotagem de uma pintura inédita, com 140 m², e uma escultura em aço (sem título), criada por ele nos anos 1990, medindo tem 2,30m x 1,87m. 

Rodrigo conta que assim que recebeu o convite para a curadoria, de pronto decidiu que não faria uma retrospectiva, uma linha do tempo. Mesmo porque, neste caso, precisaria de um espaço muito maior. "Quis selecionar obras que conseguissem mostrar ao público a essência do artista, nos diversos suportes em que ele trabalhou". Entre os destaques, ele aponta uma tela de oito metros nunca antes exibida. "Ela nunca saiu do Instituto (Amilcar de Castro) Quis aproveitar o tamanho da parede, que é linear e bem extenso, para colocá-lar", diz, sobre a acrílica sobre tela em P&B, feitas com as vassouras que Amilcar usava.

Na sala menor, no fundo maior, Rodrigo idealizou outro ambiente, mais intimista. "Nela, destaco duas atrações que acho que pouca gente já viu. Uma, a série de pequenos trabalhos de pintura sobre eucatex, e, no chão, uma belíssima escultora de madeira que ele fez, formada por quatro blocos de tamanhos diferentes, uns horizontais, mais compridos, e outros menores, mais quadrados". 

Em relação ao centenário de nascimento de Amilcar, Rodrigo conta que, com a flexibilização, estão sendo retomados. "Neste exato momento, temos uma exposição em São Paulo (na Dan Galeria), uma no Rio de Janeiro (Silvia Cintra + Box4)  e uma em Salvador (Galeria Paulo Darzé). E para dezembro, estamos em fase final de curadoria para uma exposição de obras de grandes dimensões no Mube de São Paulo. Então, temos muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, e isso só foi possível porque ele foi um artista muito incessante, deixou muitas obras", analisa. 

Documentário. Para celebrar o centenário de Amilcar de Castro, que nasceu em 8 de junho de 1920 e morreu em 2002, o Minas Tênis Clube também produziu o minidocumentário “Amilcar de Castro 100 anos”, que está disponível no canal youtube.com.br/minastcoficial. No vídeo, Rodrigo de Castro narra a trajetória do pai e discorre sobre sua importância para a arte nacional.

"Muito além da obra, Amílcar de Castro tem uma importância geracional. Pessoa generosa, ele formou e lançou diversos artistas em Belo Horizonte. Alguns deles já expuseram na Galeria do Minas, outros fizeram parte do nosso conselho curador. É um legado silencioso, que não aparece na exposição, mas que representa muito para cena cultural da capital", pontua André Rubião, diretor de cultura do Minas Tênis Clube.

Maria das Mercês Quintão Fróes, diretora Institucional do Instituto Unimed-BH, que chancela a iniciativa, por sua vez, acabou revelando outros projetos no horizonte. “Além de patrocinar esta, também estamos iniciando uma nova parceria com o MTC que vai incluir outras exposições de artistas mineiros, além da criação de uma nova biblioteca".

"Amilcar de Castro - Matéria e Luz". 

Centro Cultural Minas Tênis Clube (Rua da Bahia, 2244, Lourdes). Desta quinta (12) ao dia  24 de janeiro de 2021. Terça-feira a domingo e feriados, das 13h às 19h. Entrada franca. Capacidade: 30 pessoas.