“Estou motivado a seguir desenvolvendo a linguagem ‘homem-banda’”, diz Rodrigo Suricato, sem esconder a empolgação do outro lado da linha do telefone. O cantor e compositor, que ficou nacionalmente conhecido após participar, em 2015, do “Superstar”, da Rede Globo, leva ao pé da letra o significado da palavra “solo” e toca todos os instrumentos – baixo, bateria, guitarras e violões diversos – em “Na Mão as Flores”, seu terceiro álbum, do qual também é produtor, e o primeiro em que se encarrega de jogar em todas as posições.
Os belo-horizontinos poderão ver, hoje, a figura solitária no palco se dividindo entre o vocal, as guitarras e os violões e a bateria eletrônica tocada com os pés. A escolha pela capital mineira para o segundo show da turnê que estreou no Rio não foi à toa: “Tenho lembrança muito boa do público de BH. Fiquei surpreso pelo quanto que ele conhecia meu repertório”, comenta Suricato, que pretende levar o disco a locais pequenos. “Quero ter essa intimidade com as pessoas”, completa.
Em comparação aos dois discos anteriores, Suricato diz que o que acaba de sair do forno, “Na Mão as Flores”, é mais pop e possui uma roupagem mais contemporânea, com elementos eletrônicos permeando as canções.
A faceta de compositor e arranjador também aparece com desenvoltura em dez faixas que, segundo o músico, são autobiográficas, “mas também falam sobre todos nós”.
“Horizonte” trata da utopia e do quanto ela é necessária para nos fazer caminhar, como reforça Suricato em referência ao escritor uruguaio Eduardo Galeano. “Acredito que a vida quer mesmo é movimento”, ele diz. A única versão é “Como Nossos Pais”, de Belchior.
O multi-instrumentista puxou o clássico para uma levada blues, gênero apreciado por ele e pelo bigodudo rapaz latino-americano, que não vai mais voltar, mas está sempre por aí. “Essa música saltou aos meus ouvidos nesse momento político tão estranho e difícil. E também foi uma forma de colocar o Rodrigo guitarrista numa faixa”, explica.
Coletivo
Desde 2017, Rodrigo Suricato é a voz do Barão Vermelho, posto que já foi de Cazuza e Frejat, fato que não traz neuras ao músico. Com o lançamento de “Viva” em agosto, a banda interrompeu um hiato de 15 anos sem discos de inéditas. Esse é o primeiro álbum com Suricato nos vocais. “O Barão é a melhor força coletiva de que participei até hoje, a dinâmica de grupo é muito banca e me sinto muito à vontade”, conta o artista.
Serviço. Rodrigo Suricato lança o disco “Na Mão as Flores” hoje, às 22h, n'A Autêntica (rua Alagoas, 1.172, Savassi). Ingressos: de R$ 20 a R$ 50.