Campanha

Independente e diversa, Gruta conta com financiamento coletivo para não fechar

Reduto underground de BH enfrenta as consequências da pandemia e espera obter recursos em campanha que se encerra no dia 21; veja como doar

Por Bruno Mateus
Publicado em 15 de julho de 2020 | 17:08
 
 
 
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Importante reduto da cena cultural independente de Belo Horizonte desde que abrigou os primeiros projetos e performances há 20 anos, a Gruta, localizada no Horto, na região Leste, é mais um espaço na capital que viu sua existência ameaçada pela crise imposta pela pandemia do novo coronavírus e corre sérios riscos de fechar as portas. Com dívidas, a casa lançou uma campanha de financiamento coletivo para quitar débitos com a Cemig e pagar contas emergenciais (aluguel, água, internet, luz).

As doações podem ser feitas neste link até a próxima terça-feira (21), às 23h59. A Gruta interrompeu as atividades em dezembro do ano passado e, devido às férias e ao Carnaval, seguiu sem gerar receita. Em março, veio a pandemia. Até a tarde desta quarta-feira (15), a campanha havia reunido 63% - ou R$ 8.800 - dos R$ 14.000 necessários.

“A Gruta nunca sobreviveu apenas com dinheiro de entrada ou de bar. O espaço sempre teve dificuldades em manter as contas, por não visar exatamente o lucro, mas de ser um local de encontro e de resistência. Sendo assim, esse dinheiro será utilizado pra pagar principalmente contas em atraso dos meses em que não funcionamos esse ano (aluguéis, água, internet, luz) e de um parcelamento de dívidas com a Cemig”, diz um trecho do texto da campanha.

Um dos responsáveis pela gestão da Gruta, realizada de forma compartilhada com outros artistas, o cantor e compositor Marcelo Veronez ressalta o papel experimental, libertário e de criação de linguagens híbridas do espaço, que, para além do lucro, sempre buscou ampliar o debate sobre arte a partir de oficinas, ensaios de espetáculos, performances, festas e shows, sendo também um centro de debates sobre cultura e política em BH. Veronez, que frequenta o espaço desde que as portas foram abertas, em 2001, não quer ver as cortinas se fecharem agora.

“Não podemos perder a Gruta, sobretudo nesse momento político, em que estamos vendo o avanço absurdo de uma extrema-direita castradora. Conheço esse lugar desde que ele abriu para a arte. É fundamental que a gente consiga manter esse espaço para podermos nos reerguer num momento pós-pandemia, e a Gruta será fundamental pra gente se refazer”, diz o cantor.

Outro ponto destacado por Veronez é o fato de a Gruta sempre ter possibilitado que artistas e produtores encontrassem ali um espaço para não só lançar ideias, mas também colocá-las em prática. Iconili, Marcelo Veronez, Samba do Heleno, Milena Torres e Banda Viada, só para ficar na música, são apenas alguns nomes que estrearam trabalhos nos palcos da Gruta, que também viu nascer vários blocos do Carnaval de BH.

“A Gruta permanecer é um sinal de saúde de uma cidade e seu movimento artístico, é um espaço que pode possibilitar a recriação de ideias. É importante mantê-la aberta para ela poder ser esse espaço de rearticulação pós-pandemia. Sempre trabalhamos com a esperança e não vai ser agora que vamos esmorecer”, afirma Marcelo Veronez.  

 

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